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Frigorífico vendia carne vencida a hospitais
Foram encontradas mais de 30 toneladas de alimentos vencidos ou prestes a vencer na empresa da zona leste; gerente foi presa
Segundo a polícia, alimento era reembalado com datas de validade falsas e vendido também para creches, escolas e presídios de SP, MG e MS
DO "AGORA"
A Polícia Civil fechou ontem
na zona leste um frigorífico que
armazenava mais de 30 toneladas de carne com validade vencida ou prestes a vencer. O alimento era reembalado com datas de validade falsas e vendido
para hospitais, creches, escolas
e presídios de São Paulo, Minas
Gerais e Mato Grosso do Sul.
O frigorífico tinha carne bovina, suína, de peixe e embutidos em cinco câmaras frias repletas de sujeira e bolor. Havia
alimentos armazenados sem
refrigeração em corredores.
"A maioria dos clientes são
prefeituras, hospitais, penitenciárias e algumas empresas privadas", disse o delegado Anderson Pires Giampaoli, da 2ª Delegacia de Saúde Pública do
DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania).
A gerente Sandra Suguiura
Cardoso, 52, foi presa em flagrante por falsificação de documentos, crime contra relações
de consumo e por corromper
gêneros alimentícios, segundo
o policial. O dono do frigorífico,
Eduardo Antônio Gouveia dos
Santos, 57, não foi encontrado.
O advogado dos dois acusados, Carlos Brito Silva, não quis
falar com a reportagem.
Segundo o delegado, a polícia
acredita que o grupo usava pelo
menos quatro razões sociais,
entre elas frigorífico Gouveia
Santos, para participar de diferentes tipos de licitações.
De acordo com a polícia, as
empresas conseguiam vencer
as licitações porque compravam carne prestes a vencer de
outros frigoríficos por preços
muito mais baixos que os de
mercado. A carne então era
descongelada, recebia novas
embalagens e etiquetas com carimbos federais e datas de vencimento futuras. Depois, era
reembalada e congelada.
A reportagem encontrou no
local peças de carne com validade vencida há um ano e meio
que recebiam novo prazo datado de janeiro de 2010.
Uma funcionária que pediu
para não ser identificada disse
que o local não era limpo havia
pelo menos quatro meses. Do
lado de fora o mau cheiro era
constante, segundo os vizinhos.
Eles dizem que nos dias quentes o odor era mais intenso.
Levantamento preliminar da
polícia apontou entre os clientes mais de 20 prefeituras de
São Paulo e de Minas -que usavam os alimentos para merenda escolar e comida de hospital.
Também recebiam carne a
Secretaria da Administração
Penitenciária de São Paulo, que
abastecia ao menos dez penitenciárias, e o Hospital do Servidor Público Municipal. Outro
cliente era a Secretaria de Segurança de Mato Grosso do Sul.
O frigorífico funcionava havia sete meses na rua João
Graeber, 164, no Parque São
Lucas, e começou a ser investigado pelo DPPC há um mês e
meio, depois de uma denúncia.
(LUIS KAWAGUTI)
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