São Paulo, quinta-feira, 29 de outubro de 2009

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Frigorífico vendia carne vencida a hospitais

Foram encontradas mais de 30 toneladas de alimentos vencidos ou prestes a vencer na empresa da zona leste; gerente foi presa

Segundo a polícia, alimento era reembalado com datas de validade falsas e vendido também para creches, escolas e presídios de SP, MG e MS

DO "AGORA"

A Polícia Civil fechou ontem na zona leste um frigorífico que armazenava mais de 30 toneladas de carne com validade vencida ou prestes a vencer. O alimento era reembalado com datas de validade falsas e vendido para hospitais, creches, escolas e presídios de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul.
O frigorífico tinha carne bovina, suína, de peixe e embutidos em cinco câmaras frias repletas de sujeira e bolor. Havia alimentos armazenados sem refrigeração em corredores.
"A maioria dos clientes são prefeituras, hospitais, penitenciárias e algumas empresas privadas", disse o delegado Anderson Pires Giampaoli, da 2ª Delegacia de Saúde Pública do DPPC (Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania).
A gerente Sandra Suguiura Cardoso, 52, foi presa em flagrante por falsificação de documentos, crime contra relações de consumo e por corromper gêneros alimentícios, segundo o policial. O dono do frigorífico, Eduardo Antônio Gouveia dos Santos, 57, não foi encontrado.
O advogado dos dois acusados, Carlos Brito Silva, não quis falar com a reportagem.
Segundo o delegado, a polícia acredita que o grupo usava pelo menos quatro razões sociais, entre elas frigorífico Gouveia Santos, para participar de diferentes tipos de licitações.
De acordo com a polícia, as empresas conseguiam vencer as licitações porque compravam carne prestes a vencer de outros frigoríficos por preços muito mais baixos que os de mercado. A carne então era descongelada, recebia novas embalagens e etiquetas com carimbos federais e datas de vencimento futuras. Depois, era reembalada e congelada.
A reportagem encontrou no local peças de carne com validade vencida há um ano e meio que recebiam novo prazo datado de janeiro de 2010.
Uma funcionária que pediu para não ser identificada disse que o local não era limpo havia pelo menos quatro meses. Do lado de fora o mau cheiro era constante, segundo os vizinhos. Eles dizem que nos dias quentes o odor era mais intenso.
Levantamento preliminar da polícia apontou entre os clientes mais de 20 prefeituras de São Paulo e de Minas -que usavam os alimentos para merenda escolar e comida de hospital.
Também recebiam carne a Secretaria da Administração Penitenciária de São Paulo, que abastecia ao menos dez penitenciárias, e o Hospital do Servidor Público Municipal. Outro cliente era a Secretaria de Segurança de Mato Grosso do Sul.
O frigorífico funcionava havia sete meses na rua João Graeber, 164, no Parque São Lucas, e começou a ser investigado pelo DPPC há um mês e meio, depois de uma denúncia. (LUIS KAWAGUTI)


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