São Paulo, domingo, 29 de novembro de 1998

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SAÚDE
Conselho Regional de Farmácia diz que não existe fiscalização de movimentação e estocagem de medicamentos
Transporte irregular
reduz efeito de remédio

BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília

A maior parte do transporte de medicamentos no país é feita, em geral, em caminhões de carga comuns, sem equipamentos adequados para controle de temperatura. Também não existe fiscalização sobre o transporte de remédios.
Uma das consequências da estocagem e do transporte inadequados é a perda da eficácia do medicamento. "O problema maior é que há uma lei e uma portaria sobre transporte e estoque que não são cumpridas e não há fiscalização da Vigilância Sanitária", disse Antonio Barbosa, presidente do CRF-DF (Conselho Regional de Farmácia do Distrito Federal).
Segundo o Ministério da Saúde, a legislação existente é muito genérica e uma mais detalhada deverá estar pronta na segunda quinzena de dezembro.
O CRF-DF fez um levantamento sobre fatores que interferem na ação terapêutica dos remédios. "Recebemos pelo telefone (0800-61-1314) diversas denúncias de consumidores, médicos e farmacêuticos sobre medicamentos que não estavam surtindo efeito", disse Barbosa.
"Chegamos à conclusão de que, mais do que problemas na fabricação do remédio, o que realmente afeta a ação terapêutica são o transporte e a estocagem impróprios", afirmou.
Uma das especialidades em que é mais fácil verificar a perda da eficácia do medicamento é a anestesia médica.
O anestesiologista Eduardo Guerra, presidente do Conselho Regional de Medicina do DF, disse que é comum anestésicos locais apresentarem falhas. "Não há no Brasil cuidado com estocagem e transporte e isso se reflete no anestésico", afirmou.
A Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica) confirma que o transporte dos remédios dos laboratórios até as distribuidoras é feito por empresa de transporte comum, em caminhões do tipo baú.
"Mas a maior parte dos medicamentos tem uma segurança muito alta e não há constatação de problemas com o produto", disse o advogado José Bandeira de Mello, presidente da Abifarma
Para o secretário nacional da Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina Neto, o que é mais preocupante é justamente o transporte de medicamentos que podem ser feitos à temperatura ambiente.
"O remédio que fica no caminhão baú comum, sem controle térmico, é mais difícil de controlar. O motorista pára para almoçar e o caminhão fica no sol."



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