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SAÚDE
Conselho Regional de Farmácia diz que não existe fiscalização de movimentação e estocagem de medicamentos
Transporte irregular
reduz efeito de remédio
BETINA BERNARDES
da Sucursal de Brasília
A maior parte do transporte de
medicamentos no país é feita, em
geral, em caminhões de carga comuns, sem equipamentos adequados para controle de temperatura.
Também não existe fiscalização
sobre o transporte de remédios.
Uma das consequências da estocagem e do transporte inadequados é a perda da eficácia do medicamento. "O problema maior é
que há uma lei e uma portaria sobre transporte e estoque que não
são cumpridas e não há fiscalização da Vigilância Sanitária", disse
Antonio Barbosa, presidente do
CRF-DF (Conselho Regional de
Farmácia do Distrito Federal).
Segundo o Ministério da Saúde,
a legislação existente é muito genérica e uma mais detalhada deverá estar pronta na segunda quinzena de dezembro.
O CRF-DF fez um levantamento
sobre fatores que interferem na
ação terapêutica dos remédios.
"Recebemos pelo telefone
(0800-61-1314) diversas denúncias
de consumidores, médicos e farmacêuticos sobre medicamentos
que não estavam surtindo efeito",
disse Barbosa.
"Chegamos à conclusão de que,
mais do que problemas na fabricação do remédio, o que realmente
afeta a ação terapêutica são o
transporte e a estocagem impróprios", afirmou.
Uma das especialidades em que é
mais fácil verificar a perda da eficácia do medicamento é a anestesia médica.
O anestesiologista Eduardo
Guerra, presidente do Conselho
Regional de Medicina do DF, disse
que é comum anestésicos locais
apresentarem falhas. "Não há no
Brasil cuidado com estocagem e
transporte e isso se reflete no anestésico", afirmou.
A Abifarma (Associação Brasileira da Indústria Farmacêutica)
confirma que o transporte dos remédios dos laboratórios até as distribuidoras é feito por empresa de
transporte comum, em caminhões
do tipo baú.
"Mas a maior parte dos medicamentos tem uma segurança muito
alta e não há constatação de problemas com o produto", disse o
advogado José Bandeira de Mello,
presidente da Abifarma
Para o secretário nacional da Vigilância Sanitária, Gonzalo Vecina
Neto, o que é mais preocupante é
justamente o transporte de medicamentos que podem ser feitos à
temperatura ambiente.
"O remédio que fica no caminhão baú comum, sem controle
térmico, é mais difícil de controlar. O motorista pára para almoçar
e o caminhão fica no sol."
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