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Avião não tripulado vai monitorar favelas
Nova aeronave da PF dispensa piloto, é comandada à distância e permite identificar uma pessoa a 10 mil metros de altitude
Comprado de empresa israelense, Heron, que é capaz de visualizar até embarcações submersas, vai monitorar Amazônia
ROBERTA DE ABREU LIMA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO
A primeira aeronave não tripulada da Polícia Federal -a
ser utilizada tanto na vigilância
da Amazônia quanto no sobrevoo a favelas- está próxima a
entrar em operação. Faz parte
da frota de 15 aviões controlados à distância, comprada em
outubro da empresa israelense
IAI (Israel Aerospace Industries) por R$ 345 milhões.
O Heron, modelo adquirido
pelo governo brasileiro, é usado
atualmente por órgãos de defesa de países como EUA, Canadá, Índia e Turquia. No Brasil,
esses aviões -cujo nome técnico é Vant (Veículo Aéreo Não
Tripulado)- serão usados pela
PF para mapear e monitorar
todo o território nacional.
O Heron pode ser comandado por um piloto em terra, que
fica numa base a até mil quilômetros de distância, ou voar em
missões pré-programadas. Decolagem e pouso são automáticos. Cada aeronave é dotada de
aparelhos que permitem captar
imagens em alta resolução
mesmo quando está a 10 mil
metros de altitude. Pessoas, automóveis e até as informações
de um crachá podem ser visualizados com nitidez. "A nova
frota será uma ferramenta estratégica para combater crimes
que vão desde o tráfico de drogas até o desmatamento da
Amazônia", diz o delegado
Alessandro Moretti, diretor do
Centro de Inteligência da PF.
Além de monitorar a entrada
de drogas e armas na fronteira,
os aviões serão usados em favelas do Rio e de SP. Fornecerão à
polícia um mapa detalhado
desses lugares e poderão servir
de apoio em incursões em morros, munindo os soldados de informações sobre a movimentação dos traficantes sem que nenhum deles precise se arriscar
sobrevoando uma área conflagrada em um helicóptero.
Em regiões muito extensas e
de difícil acesso, como a floresta amazônica, a aeronave poderá identificar invasões de áreas
indígenas e focos de desmatamento ilegal. O Heron tem autonomia para voar 36 horas e é
capaz de visualizar túneis e embarcações submersas. Seus
sensores permitem que ele
opere à noite e em condições
climáticas desfavoráveis. Mas o
avião não tripulado também
tem risco de acidente. Aeronaves como a americana Predator
já precisaram ser abatidas no
ar, por estarem descontroladas.
A maioria dos acidentes envolve erros de operação dos pilotos em terra. Falhas técnicas e
choque com objetos, como antenas, também são comuns.
No Brasil, equipe da PF passou por treinamento no exterior para a operação dos aviões
que começam a chegar.
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