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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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CLIMA

Temporal que atingiu o Estado na noite de terça e na madrugada de ontem causou desabamentos em diversas cidades

Mais sete morrem no Rio devido às chuvas

Alexandre Campbell/Folha Imagem
Moradores atravessam ruas alagadas em Belford Roxo, na Baixada Fluminense; as chuvas deixaram pelo menos dez feridos no Rio


TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

O temporal que atingiu o Estado do Rio de Janeiro na noite de anteontem e na madrugada de ontem provocou a morte de sete pessoas, deixou pelo menos dez feridos e causou desabamentos e alagamentos em diversos municípios. A Defesa Civil teve de salvar pessoas com barcos.
Já são 33 mortes registradas neste ano em razão das chuvas que vêm atingindo o Estado desde o último dia 11. Até agora, a Defesa Civil do Estado contabiliza 948 pessoas desalojadas (encaminhadas para a casa de parentes) e 1.098 desabrigadas (deslocadas para abrigos municipais).
Em Niterói (14 km do Rio de Janeiro), Antônio Carlos da Silva, 39, e a filha Aline, 9, morreram soterrados quando a casa em que moravam desabou. No local estavam também o filho de Silva, Carlos Donato, 2, protegido pelo corpo do pai, e o enteado Jonathan, de dez meses, protegido pelo corpo de Aline. Os dois foram internados no Hospital Azevedo Lima.
Enteada de Silva, Emily Cristina, 12, dormia na casa da irmã. "Fiquei muito preocupada com os meus irmãos, que estavam longe de mim. Eu queria muito ir para casa, mas choveu demais. Acordei cedinho e olhei pela janela para ver nossa casa [a casa da irmã de Emily fica um pouco acima da do padrasto" e ela não estava mais lá. Saí correndo e vi a minha irmã soterrada", contou.
Também em Niterói, Sueli Lopes, 60, morreu soterrada quando um muro caiu sobre sua casa. Foi também notificado à Defesa Civil o desaparecimento de Edgar Guilherme Corrêa, 55, em uma área próxima à casa de Lopes.
Em Miguel Pereira (120 km do Rio de Janeiro), Marli dos Santos, 55, morreu soterrada após sua casa ser atingida por um deslizamento de terra. Segundo vizinhos, o Corpo de Bombeiros esteve no local e interditou a casa de Santos por volta das 22h, mas ela teria voltado às 2h, logo após a saída dos bombeiros. O marido de Marli, Heitor Viana, ficou ferido.
Em Paulo de Frontin (86 km do Rio de Janeiro), Maria Helena Araújo Moreira, 57, morreu soterrada por um deslizamento. José Maria da Silva, 55, e a filha Rafaela, 12, morreram sob os escombros da casa em que moravam.
Outros municípios do centro-sul fluminense também registraram quedas de barreiras, de casas, de pontes, alagamentos e moradores desabrigados.
Em Belford Roxo, município mais atingido na Baixada Fluminense, a Defesa Civil Municipal precisou usar barcos e botes infláveis para retirar famílias das casas. A cidade tem 50 famílias desabrigadas pelas chuvas de ontem.
Moradores de Queimados, também na Baixada Fluminense, fecharam por aproximadamente uma hora as duas pistas da rodovia Presidente Dutra (sentido Rio de Janeiro-São Paulo) em protesto contra a ausência de obras para evitar os transtornos das chuvas.

Qualidade da água
Ontem de manhã, a Companhia Estadual de Águas e Esgotos (Cedae) cortou em 50% a produção da estação de tratamento do Guandu por causa da queda na qualidade da água captada. A redução atinge o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense. Na capital, uma casa desabou em Jacarepaguá (zona oeste), deixando três feridos. Um viaduto em Acari (zona norte) cedeu e foi interditado. Trechos da avenida Brasil alagaram, deixando carros enguiçados.
Na região serrana, houve deslizamentos, quedas de barreira e fechamento de ruas. Em Petrópolis, Vera Lúcia Barbosa Neves ficou parcialmente soterrada, mas foi resgatada com ferimentos leves.
Segundo a Defesa Civil do Estado, nove municípios decretaram situação de emergência (Petrópolis, Valença, Natividade, Miracema, Paty do Alferes, Rio das Flores, Cantagalo, São Francisco de Itabapoana e Trajano de Moraes). Dois decretaram estado de calamidade pública (Porciúncula e Bom Jesus de Itabapoana).
Cidades em estado de calamidade pública ou situação de emergência podem arregimentar pessoas e bens particulares para ajudar no combate às chuvas, contratar serviços sem licitação e obter recursos mesmo que estejam em dívida com a União ou o Estado.


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