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São Paulo, quinta-feira, 30 de janeiro de 2003

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CRIME NA CLÍNICA

Entidade vai avaliar se acusado de esquartejar paciente tem condições mentais de exercer a medicina

CRM suspende registro de cirurgião plástico

GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo suspendeu o registro profissional do cirurgião plástico Farah Jorge Farah, 53, assassino confesso da sua paciente Maria do Carmo Alves, 49. A entidade também vai avaliar se o cirurgião tem condições mentais de exercer a medicina.
Ontem, a polícia encontrou amostras do que parece ser tecido humano na clínica de Farah e no armário do quarto que ele mantinha na casa dos pais. O material será analisado pelo IML (Instituto Médico Legal).
Maria do Carmo foi esquartejada na última sexta, na clínica de Farah, em Santana (zona norte). Preso na segunda, o médico confessou o crime, mas disse que sofreu um lapso de memória em relação aos detalhes do assassinato.
A suspensão provisória do cirurgião, ocorrida anteontem à noite e divulgada ontem, foi uma decisão unânime do plenário do CRM. A entidade também abriu procedimento administrativo, no qual três psiquiatras farão uma avaliação de Farah. Após uma entrevista com ele na cadeia, os psiquiatras farão relatório sobre as condições mentais do acusado. A decisão dos psiquiatras será votada pelo plenário do conselho.

Digitais
Ontem, a família de Farah procurou a polícia para dizer que encontrou um material suspeito no armário do quarto que o cirurgião ainda mantém na casa dos pais -o médico tem seu próprio apartamento, próximo à clínica.
A polícia avalia que o material, guardado em um frasco de remédio, pode ser as digitais da vítima, tiradas pelo cirurgião. A visita à família de Farah esclareceu outras dúvidas, e a polícia agora diz estar certa de que ele agiu sozinho.
Farah teria na manhã de sábado (o crime teria ocorrido por volta das 18h30 de sexta) pedido carona a um parente para levar os sacos até seu apartamento. Foi essa pessoa, que não saberia o conteúdo dos sacos, que teria sido vista entrando no prédio com o médico.
Policiais e peritos do IML estiveram na clínica. Mostras do que parece ser tecido humano foram achadas na banheira. Bisturis, tesouras e pinças (alguns instrumentos sujos de sangue) foram levadas para perícia. Fitas de vídeo, gravadores, uma agenda com telefones e uma máquina fotográfica também foram apreendidas.
Segundo o diretor do IML, José Jarjura Jorge Júnior, Farah precisou de pelo menos dez horas para esquartejar e dissecar o corpo. Na dissecação, usou bisturi e pinça para retirar a pele e para limpar e separar os músculos, como em uma aula de anatomia humana.


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