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ESTRADAS
Ministério Público quer que usuário pague de acordo com os quilômetros rodados; empresas não comentam
Promotor quer mudar cobrança de pedágio
ANDRÉ NICOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo entrou ontem com uma
ação contra quatro concessionárias de rodovias do Estado e o
DER (Departamento de Estradas
de Rodagem) para que seja mudado o atual sistema de cobrança
de pedágios. Também pede, por
meio de uma liminar, que sejam
suspensos possíveis aumentos
das tarifas e aberturas de novas
praças nas estradas administradas pelas quatro concessionárias.
A ação foi proposta pela Promotoria de Justiça do Consumidor da Capital contra as concessionárias Viaoeste (administradora das rodovias Castello Branco
e Raposo Tavares, entre outras),
Centrovias (parte da Washington
Luís e outras), Triângulo do Sol
(parte da Washington Luís, da rodovia Faria Lima e outras) e Tebe
(SP-326, SP-323 e outras). As quatro afirmaram que até ontem não
haviam sido notificadas e, por isso, não se pronunciariam.
Segundo o promotor Roberto
Senise Lisboa, o atual modelo de
cobrança, com praças de pedágio
ao longo das rodovias, não usa os
valores segundo os quilômetros
efetivamente rodados pelo motorista. Isso, diz, fere o Código de
Defesa do Consumidor e a Constituição, que exigem tratamento
igual para consumidores iguais.
"Os usuários que rodarem uma
quilometragem menor que outros, porém submetendo-se à
mesma quantidade de praças de
pedágio durante o trajeto, estarão
pagando o mesmo valor e, portanto, uma quilometragem mais
cara que os outros", diz o documento protocolado ontem na Vara da Fazenda Pública da Capital.
Como exemplo, Lisboa cita o
caso de duas pessoas que entram
na rodovia Raposo Tavares, uma
no km 22, em Cotia, e outra no
km 37, em Vargem Grande Paulista. Nos dois casos, paga-se o
mesmo valor em uma viagem até
São Roque, no km 48 da estrada.
Segundo o promotor, há outros
modelos mais justos usados em
outros países, como Portugal,
França e Alemanha. Neles, o motorista receberia, ao entrar na rodovia, um tíquete em uma cabine
semelhante às de estacionamentos de shoppings e pagaria os quilômetros rodados em pedágios
apenas quando saísse da estrada.
Um dos itens do edital de licitação de concessão das estradas estipula valores básicos por "quilômetro de estrada utilizado ou colocado à disposição". Segundo
Lisboa, as concessionárias utilizam apenas o segundo critério.
De acordo com o promotor, a
ação proposta ontem é um "piloto" e, caso seja aceita, todas as outras concessionárias do Estado
podem sofrer processo e ter de
mudar o sistema de cobrança.
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