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SAÚDE
Cerca de 16 milhões de brasileiros, porém, têm a doença e não se previnem - duas das causas são o desconhecimento e o custo
Tratamento contínuo evita crises de asma
FERNANDA CALGARO
DA REDAÇÃO
Ao fazer algum esforço físico
exagerado, como correr muito,
ou mesmo quando ri demais, a
atriz e artista plástica Vivian Azevedo Silva, 26, fica com falta de ar,
tosse seca, dor no peito e precisa
recorrer à inalação. O mesmo
ocorre quando há mudanças
bruscas de temperatura. "Limita
bastante", diz ela, referindo-se às
crises de asma de que sofre a cada
quatro meses desde os 15 anos.
"Como também trabalho com
tinta, às vezes o cheiro forte faz a
asma atacar e tenho que parar um
pouco. Mas não vou deixar de fazer o que gosto em razão disso",
afirma Vivian, que não segue tratamento regular. "Tomo quando
sinto algum sintoma", explica.
A história de Vivian ilustra a
realidade de boa parte dos estimados 16 milhões de brasileiros que
sofrem de asma e não seguem tratamento preventivo de maneira
constante. Desse total, 6 milhões
têm asma leve e estão na faixa etária de 6 a 40 anos.
A asma é uma doença genética
inflamatória dos brônquios e
bronquíolos (canais de condução
do ar intrapulmonar), que ficam
obstruídos -daí a falta de ar ser
um dos sintomas. Também é comum a ocorrência de tosse seca e
chiado no peito. A crise costuma
ser desencadeada por uma reação
alérgica a elementos como poeira,
ácaro, fumaça de cigarro, pêlos de
animais, mofo, pólen e poluição.
Mas algumas pessoas têm crises
relacionadas à temperatura e ao
estresse emocional.
O tratamento é demorado e envolve não só o uso de remédios
mas principalmente a mudança
de hábitos, como o uso de carpete
e cortinas, que acumulam poeira.
Segundo a médica Fátima
Emerson, da Associação Brasileira de Asmáticos, os motivos para
a baixa adesão aos tratamentos
estão relacionados à falta de conhecimento da doença e à descrença na eficácia dos medicamentos -ainda perduram os mitos de que cortisona mata e bombinha vicia.
"Há também a dificuldade do
paciente em aceitar a doença. Até
hoje ninguém fala o nome. Diz
que sofre de bronquite", afirma a
médica. O custo da medicação
também afasta o paciente.
No caso da asma leve, cujos sintomas aparecem de vez em quando, é ainda mais difícil fazer com
que o paciente siga um tratamento de forma constante. "Mesmo
quem tem asma leve pode ter uma
crise grave e acabar internado",
alerta Emílio Pizzichini, professor
de pneumologia da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Sem nunca ter feito nenhum
tratamento preventivo, com exceção de imunoterapia por alguns
meses, o serralheiro Eduardo Sarri, 32, teve que amargar sete dias
internado quando tinha 16 anos.
"Fiquei bem mal. Fiz inalação e
tomei soro", relembra.
A asma é a quarta causa de internações no SUS (Sistema Único
de Saúde), segundo o Datasus. De
janeiro até novembro do ano passado, mais de 340 mil internações
foram registradas, a um custo de
R$ 115 milhões para os cofres públicos. Em 2003, ocorreram cerca
de 2.100 mortes por asma, segundo o Ministério da Saúde.
Quando faz mais esforço na aula de ginástica, a engenheira civil
Simone Cristina de Andrade, 25,
fica com falta de ar e tem de parar
por uma meia hora até se restabelecer. "Não sei o que é viver sem
sentir isso".
Mesmo após uma crise séria de
asma há uns dois anos, ela não segue tratamento preventivo. "Tomo os remédios pelo tempo indicado. Quando estou boa, não tomo", diz. "Não acredito em tratamento que seja totalmente eficaz
aqui em São Paulo por causa da
poluição. Teria que viver num lugar em que houvesse muito verde". Algo que não está em seus
planos em um futuro próximo.
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