São Paulo, domingo, 30 de janeiro de 2005

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"Tirei a sunga e olhei pro mar"

DA REVISTA

A orientação da reportagem era viver a experiência naturista em sua plenitude. Como eu não tinha escapatória, fui ao mesmo tempo objetivo e teatral: tirei a sunga, olhei pro horizonte e fiz qualquer comentário sobre a cor maravilhosa do mar. Todo mundo acudiu, concordando. Os fotógrafos que me acompanharam -primeiro, um homem, depois, uma mulher- facilitaram muito as coisas. Senti uma intimidade de irmão com eles desde o início.
Na praia do Rio, Abricó, ajudou o fato de muitos visitantes se recusarem a tirar a roupa: isso transferiu o foco das atenções para eles e nos transformou, nós que estávamos ali trabalhando mas nus, em exemplos. A primeira impressão é a de que todos em uma praia de nudismo vivem em plano americano, evitando deliberadamente olhar abaixo da cintura dos outros. Comentários como "Que tesão a Fulana!" são impensáveis, o que dá ao andamento da cena algo de fictício. Caminho um pouco mais e percebo que não, nem todo mundo parece adestrado. Irrefreáveis, alguns gays lançam olhares ostensivos exatamente para a parte que todo mundo evita. Comentam, riem e se aproximam, quando acham que é o caso. Levando-se em conta que eles são muitos nas praias naturistas, não é verdade dizer que naquele ambiente ninguém julga pelo corpo.
Penso: ficar pelado na praia não pode ser assim tão sério. É hora de dar um mergulho no mar. (PS)

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