|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
"Tirei a sunga e olhei pro mar"
DA REVISTA
A orientação da reportagem era
viver a experiência naturista em
sua plenitude. Como eu não tinha
escapatória, fui ao mesmo tempo
objetivo e teatral: tirei a sunga,
olhei pro horizonte e fiz qualquer
comentário sobre a cor maravilhosa do mar. Todo mundo acudiu, concordando. Os fotógrafos
que me acompanharam -primeiro, um homem, depois, uma
mulher- facilitaram muito as
coisas. Senti uma intimidade de
irmão com eles desde o início.
Na praia do Rio, Abricó, ajudou
o fato de muitos visitantes se recusarem a tirar a roupa: isso transferiu o foco das atenções para eles e
nos transformou, nós que estávamos ali trabalhando mas nus, em
exemplos. A primeira impressão é
a de que todos em uma praia de
nudismo vivem em plano americano, evitando deliberadamente
olhar abaixo da cintura dos outros. Comentários como "Que tesão a Fulana!" são impensáveis, o
que dá ao andamento da cena algo de fictício. Caminho um pouco
mais e percebo que não, nem todo
mundo parece adestrado. Irrefreáveis, alguns gays lançam olhares ostensivos exatamente para a
parte que todo mundo evita. Comentam, riem e se aproximam,
quando acham que é o caso. Levando-se em conta que eles são
muitos nas praias naturistas, não
é verdade dizer que naquele ambiente ninguém julga pelo corpo.
Penso: ficar pelado na praia não
pode ser assim tão sério. É hora de
dar um mergulho no mar. (PS)
Texto Anterior: Ventinho bom: Praias de nudismo abrigam público eclético Próximo Texto: "Gosto da marca do meu biquíni" Índice
|