São Paulo, quinta-feira, 30 de março de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Depoente liga deputado a Beira-Mar

free-lance para a Folha

A testemunha-bomba Laércio acusou ontem, na CPI, o deputado estadual Arlen Santiago (PTB-MG) e seu irmão, o empresário Paulo César Santiago, de envolvimento com o traficante Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar, e de tráfico de drogas.
Durante o depoimento, ao qual se apresentou usando máscara de esquiador, Laércio afirmou: ""Não tenho medo de nada. Se o senhor quiser tiro a máscara agora mesmo". "Por favor, não", pediram os deputados.
Laércio, que recebeu garantias de vida da CPI, acusou de corrupção policiais do Depatri (Departamento de Proteção ao Patrimônio) de São Paulo. Segundo ele, os policiais extorquiam dinheiro de traficantes.
""Quando eles apreendem 200 kg, ficam com 50 kg e liberam o resto. O traficante é solto, basta ter dinheiro", afirmou.
Ele citou os nomes de doutor Marcelo (2ª Delegacia de Roubos de Carga), Juvandir e Marquinho (63ª Delegacia de Policia), Mucini, Celso, Juaci, Marcão, Valtinho, Manoel e Lucindo (Depatri). ""Ti-rando o Garra (Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos), todas as delegacias do Depatri participavam", disse.
Segundo Laércio, ex-informante da polícia, o traficante Fernandinho Beira-Mar chegou a frequentar seu bar em Montes Claros (MG), e ia sempre à cidade.
A testemunha disse que Paulo César Santiago tem três aviões, várias empresas e imóveis no Rio de Janeiro e em MG. No Rio, seriam duas concessionárias (Rio Car) e em Montes Claros, outra (Altos Montes).
Segundo Laércio, a campanha do deputado Santiago foi financiada pelo traficante. Ele afirmou também que Beira-Mar, quando ia a Montes Claros, ficava na casa de Paulo César Santiago.

Outro lado
A assessoria do deputado Santiago informou que o parlamentar nunca manteve negócios com o irmão Paulo César Santiago que atualmente mora no Rio.
Segundo a assessoria, o deputado só se manifestará sobre as acusações depois de tomar conhecimento de todo o depoimento de Laércio dado à CPI.
A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo informou ontem que o secretário Marco Vinicio Petrelluzzi só vai se pronunciar após análise das informações.
Um dos citados já tinha sido identificado ontem: o delegado da 2ª Delegacia de Roubos de Cargas do Depatri, Marcelo (não foi divulgado o sobrenome).
A Folha tentou falar com Marcelo e com o diretor do Depatri, mas os dois estavam reunidos.


Colaborou a Agência Folha, em BH, e a Reportagem Local



Texto Anterior: Narcotráfico: Garotinho denuncia 25 mil por tráfico
Próximo Texto: Deputado critica o Paraguai
Índice

Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.