São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

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ACIDENTE

Estouro, ocorrido durante a perfuração de um poço clandestino, deixou um morto e cinco feridos; seis carros foram danificados

Explosão em posto mata e atinge casas em SP

VICTOR RAMOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma pessoa morreu e outras cinco ficaram feridas em conseqüência de uma explosão ocorrida em um posto de gasolina, na avenida Sapopemba, zona leste de São Paulo. A explosão ocorreu por volta das 12h, durante a perfuração de um poço clandestino.
A força do ar deslocado arrancou parte do telhado do posto Albatroz, danificou seis carros e chegou a estilhaçar vidraças de casas do outro lado da avenida, a uma distância de 20 metros.
José Pedro Alves dos Santos, 66, estava trabalhando no interior do poço, a cerca de 14 metros de profundidade, quando uma faísca detonou a explosão. Santos morreu na hora. Dois proprietários do posto, um frentista e dois ajudantes de Santos ficaram feridos.
De acordo com a Cetesb (agência ambiental paulista), a causa provável foi o vazamento de combustível de um dos oito tanques que há no posto. O gás liberado na evaporação do combustível teria ficado no subsolo e uma faísca, possivelmente da lanterna de Santos, originou a explosão.
O vendedor ambulante Emerson Gomes dos Santos, 24, havia acabado de parar seu Monza preto para abastecer quando ocorreu o estouro. "Senti o carro inteiro sair do chão", disse.
Francisco José dos Santos Lamegal -um dos proprietários- foi levado ao Hospital das Clínicas, onde foi constatado traumatismo craniano, além das queimaduras. Segundo a assessoria do hospital, seu estado era grave.
Os outros feridos foram para o Hospital Geral de São Mateus. Antonio Francisco dos Santos -o outro proprietário-, Erisvaldo Sousa da Silva, frentista, e José Carlos de Araújo Lemos -auxiliar de Santos- sofreram queimaduras de segundo e terceiro graus na região do rosto e do pescoço e foram internados, mas não corriam risco de morte. Wilson Miranda da Silva, sobrinho de Santos, teve queimaduras de 2º grau e ficou em observação.

Irregularidades
A Cetesb informou que o posto estava em situação irregular, pois não possuía a licença da agência. Além disso, segundo o Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado), não havia pedido por parte do posto para que fosse feito o poço, o que caracteriza a obra como clandestina.
Já a Subprefeitura de São Mateus não soube informar se o posto tinha alvarás de funcionamento e de reforma (necessário para a instalação do poço), pois esses dados não podiam ser acessados ontem devido à falta de energia elétrica no local. Os donos seriam intimados a apresentar os dois alvarás dentro de 48h.
O delegado Maurício Ahvener de Siqueira e Souza informou que os donos dos postos poderão responder por homicídio e lesão corporal culposos (sem intenção).
Os proprietários do posto, feridos, não puderam ser ouvidos pela polícia. O advogado Jair Silva Cardoso compareceu à delegacia, junto com o gerente do posto, Helio Lamegal da Cunha, que foi prestar depoimento. De acordo com o advogado, até a tarde de ontem não houve tempo para que fossem levantados todos os documentos do estabelecimento.
"Parece que é uma sina perder todos que a gente gosta." Maria da Cruz Ferreira, 40, filha de Santos, morto na explosão, descreveu assim sua impressão depois do ocorrido. A vendedora de sucatas para reciclagem já havia perdido, apenas nos últimos três meses, um irmão, vítima de um derrame, e o sogro, em razão de câncer.


Colaborou AMARÍLIS LAGE, da Reportagem Local

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