São Paulo, quarta-feira, 30 de março de 2005

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Filha de morto diz que não irá processar posto

DA REPORTAGEM LOCAL

"Parece que é uma sina perder todos de que a gente gosta." Maria da Cruz Ferreira, 40, filha de José Pedro Alves dos Santos, morto na explosão de ontem, descreveu assim sua impressão depois do ocorrido. A vendedora de sucatas para reciclagem já havia perdido, apenas nos últimos três meses, um irmão, vítima de um derrame, e um sogro, em razão de câncer.
Ela contou que seu pai havia sido contratado anteontem para o trabalho no posto Albatroz. Segundo o relato que Santos fez a ela, o poço havia sido iniciado por outras pessoas, que abandonaram o trabalho. Ele aceitou terminar o serviço.
"Meu pai me disse: "Já cavaram 12 metros, só falta um e meio. Vão pagar R$ 1.000. Eu vou'", disse. Segundo ela, o pai trabalhava com perfuração de poços há mais de 30 anos. "É ilegal, né? A gente sabia. Mas ele precisava trabalhar." Por ver o trabalho que o pai fazia como necessidade, ela disse que não irá processar os donos do posto.
"Meu pai queria ser enterrado na Bahia, onde nasceu. Mas com o que ganho, não dá para mandar ele para lá. Além disso, quero meu pai por perto." Ferreira mora com o marido e, além dos produtos para reciclagem, também tem pequeno negócio de venda de gás. (VR)


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