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EDUCAÇÃO
Segundo eles, faltam atividades extracurriculares e estrutura física
Pais criticam escola de tempo integral
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL
Cerca de 50 pais e alunos da escola Júlia Della Casa Paula, na zona sul, protestaram ontem contra
as condições do período integral
no colégio, projeto implementado
neste ano na rede estadual pelo
governador Geraldo Alckmin
(PSDB). Eles reclamam da estrutura física do local e da falta de atividades extracurriculares.
A Folha entrevistou 21 pais e
dez professores de seis das 61 escolas da capital que aderiram ao
programa. Nos relatos, as reclamações se repetem.
De acordo com o programa
(apresentado em dezembro passado por Alckmin), as escolas que
aderiram devem oferecer pela
manhã o conteúdo regular e, à
tarde, oficinas como teatro, atletismo, informática e experimentos matemáticos. A carga horária
subiu de cinco para nove horas.
Segundo os relatos, os professores ainda não foram capacitados
para as oficinas, e as escolas não
receberam os materiais para as
atividades e estão com problemas
de estrutura. Como conseqüência, os alunos ficam cansados e irritados, pois têm aula no período
da tarde (que é obrigatório).
Na Júlia Della Casa Paula, a sala
de informática e a biblioteca estão
inutilizadas desde o início das aulas, em 13 de fevereiro, por problemas na fiação. Também há infiltração nas salas. "Os meus filhos
estão cansados, dizem que só têm
lição", diz a manicure Valquiria
dos Santos, 34, mãe de alunos da
quinta e da sétima séries.
Na Jardim das Oliveiras 2 (zona
leste), não há quadra. Já os pais da
Ceciliano José Ennes (zona oeste)
dizem que o refeitório não comporta todos os alunos no almoço.
"Minha filha já ficou sem almoçar", diz a mãe de uma aluna da
segunda série. As outras escolas
onde a reportagem verificou o andamento do programa foram Salvador Allende, Joaquim Silvério
Gomes (zona leste) e Neyde Apparecida Sollito (zona sul).
"O projeto veio no escuro. A
orientação é complementar às aulas, mas ainda não disseram como", diz Carlos (nome fictício),
professor da oficina de experimentos matemáticos de uma escola da Cohab 2 (zona leste).
Educadores afirmam que o projeto é bom, mas foi mal implementado. "A implementação está
sendo feita a toque de caixa [o
programa foi anunciado dois meses antes das aulas]", diz Ângela
Soligo, uma das coordenadoras
da graduação de pedagogia da
Unicamp -no curso, há cerca de
80 professores da rede estadual.
Para Fábio Bezerra de Brito, diretor da Escola de Aplicação da
USP, o programa deveria começar com projetos pilotos antes de
ser estendido (hoje, 514 escolas
participam em todo o Estado).
"Do jeito que está, parece que o
anúncio é mais importante que o
ganho. Isso pode queimar uma
idéia que é excelente."
Colaboraram LUÍSA BRITO, da Reportagem Local, e o "Agora"
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