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SOB SUSPEITA
Acusado entrega lista de 12 instituições de ensino que, segundo ele, estão envolvidas no comércio de cadáveres
Polícia apura venda de corpos a faculdades
ROGÉRIO PAGNAN
DA FOLHA RIBEIRÃO
A polícia de Franca (400 km de
SP) está investigando 12 instituições de ensino superior da região
de Ribeirão Preto e de Minas Gerais acusadas de envolvimento
com a venda ilegal de corpos.
A prática, segundo o Conselho
Regional de Medicina de São Paulo, é proibida por legislação específica e os responsáveis podem ser
punidos criminalmente.
A lista, não divulgada integralmente pela polícia, foi fornecida
pelo químico Osmar José Luiz, 38,
acusado de vender dois corpos, de
um lote de seis, para a Unifran
(Universidade de Franca) no início do mês. Preso na última sexta-feira, Luiz foi liberado por ter escapado do flagrante.
Além da Unifran, a Unaerp
(Universidade de Ribeirão Preto)
também faz parte da lista, segundo o delegado da DIG (Delegacia
de Investigações Gerais), João
Walter Tostes. A denúncia do químico envolve ainda funcionários
de pelo menos três IMLs (Instituto Médico Legal), que teriam facilitado a saída dos corpos.
Tostes disse que os cadáveres
vendidos para as faculdades custavam cerca de R$ 3.000. O valor
era dividido entre Luiz e os funcionários do IML. "O pessoal do
IML ligava para ele [Luiz" e informava que tinha o corpo. Ele ligava
para as faculdades para ver qual
delas tinha interesse", afirmou.
Segundo Tostes, as evidências
mais concretas são contra o IML
de Bragança Paulista (83 km de
SP), que liberou seis corpos para
Luiz. O responsável pelo IML,
Paulo Toshikasu, não foi localizado ontem. Na semana passada, ele
negou a possibilidade de os corpos terem saído de lá, dizendo ter
"um rigoroso controle de entrada
e saída de corpos do local".
Mas a polícia de Franca informou que a autorização para a saída dos corpos foi assinada por ele.
Os corpos eram de indigentes,
segundo a polícia. O comércio,
disse o delegado, ocorre desde 99
e foi denunciado por um médico.
O caso começou a ser investigado semana passada, quando quatro corpos de homens foram encontrados em Rifaina (464 km de
SP). Os cadáveres, jogados na área
rural da cidade, estavam embalados em sacos utilizados por IMLs.
Luiz, que foi localizado na sexta
em Uberaba (MG), confessou o
crime. Ele diz que entregou dois
corpos à Unifran em troca de uma
proposta de emprego.
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