São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

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Rio Preto investiga caso parecido

EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,

EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Dois anos e meio depois de descoberto um esquema de tráfico de cadáveres na cidade de São José do Rio Preto, 440 km a noroeste de São Paulo, nenhum envolvido foi preso ou punido.
O caso, sob segredo de Justiça, não passou da fase de inquérito policial. A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e telefônico de vários envolvidos, entre diretores, professores e funcionários de nove faculdades investigadas.
O esquema, de acordo com as investigações, teria desviado ou vendido pelo menos 45 cadáveres da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).
No total, a polícia investiga o destino de 163 corpos que passaram desde 1972 pelo Hospital de Base, ligado à faculdade.
Dos 163 corpos, 59 são considerados desaparecidos. Nos registros de entrada e saída dos corpos não constam informações sobre seu destino. Do total, 74 eram corpos de idosos de um asilo.
O esquema foi descoberto em novembro de 1998, quando a polícia constatou que o corpo de um homem, morto três meses antes e supostamente enterrado em um cemitério de indigentes, segundo o atestado de óbito, foi encontrado no laboratório de anatomia de uma outra faculdade.
Durante as investigações, a polícia descobriu pelo menos uma prova material do comércio ilegal de cadáveres: um cheque nominal de uma faculdade de Barretos à uma funcionária da Famerp, no valor de R$ 1.488,23. Interrogada, ela admitiu que entregava os cadáveres, mas negou receber o dinheiro. Foi demitida. Dois diretores da Famerp foram afastados.
Os corpos de pessoas não reclamadas pela família eram vendidos ou desviados, embora recebessem atestado de óbito, geralmente informando que tinham sido enterrados em cemitério de indigentes, segundo a polícia.
O artigo 15 da lei 9.434 prevê uma pena de dois a oito anos de reclusão para quem vende ou compra corpos.



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