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Rio Preto investiga caso parecido
EDMILSON ZANETTI
DA AGÊNCIA FOLHA,
EM SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
Dois anos e meio depois de descoberto um esquema de tráfico de
cadáveres na cidade de São José
do Rio Preto, 440 km a noroeste
de São Paulo, nenhum envolvido
foi preso ou punido.
O caso, sob segredo de Justiça,
não passou da fase de inquérito
policial. A Justiça autorizou a quebra de sigilo bancário e telefônico
de vários envolvidos, entre diretores, professores e funcionários de
nove faculdades investigadas.
O esquema, de acordo com as
investigações, teria desviado ou
vendido pelo menos 45 cadáveres
da Famerp (Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto).
No total, a polícia investiga o
destino de 163 corpos que passaram desde 1972 pelo Hospital de
Base, ligado à faculdade.
Dos 163 corpos, 59 são considerados desaparecidos. Nos registros de entrada e saída dos corpos
não constam informações sobre
seu destino. Do total, 74 eram corpos de idosos de um asilo.
O esquema foi descoberto em
novembro de 1998, quando a polícia constatou que o corpo de um
homem, morto três meses antes e
supostamente enterrado em um
cemitério de indigentes, segundo
o atestado de óbito, foi encontrado no laboratório de anatomia de
uma outra faculdade.
Durante as investigações, a polícia descobriu pelo menos uma
prova material do comércio ilegal
de cadáveres: um cheque nominal
de uma faculdade de Barretos à
uma funcionária da Famerp, no
valor de R$ 1.488,23. Interrogada,
ela admitiu que entregava os cadáveres, mas negou receber o dinheiro. Foi demitida. Dois diretores da Famerp foram afastados.
Os corpos de pessoas não reclamadas pela família eram vendidos ou desviados, embora recebessem atestado de óbito, geralmente informando que tinham sido enterrados em cemitério de indigentes, segundo a polícia.
O artigo 15 da lei 9.434 prevê
uma pena de dois a oito anos de
reclusão para quem vende ou
compra corpos.
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