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RECLAMAÇÃO
Empresas oferecem cursos e seminários que nunca acontecem; pessoas tentam recuperar dinheiro na Justiça
Consumidor paga por evento não realizado
EUNICE NUNES
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Pelo menos 16 consumidores,
de setembro do ano passado ao
dia 20 deste mês, recorreram aos
Juizados Especiais Cíveis contra
as empresas Axor e Uax, que organizam cursos e seminários. Eles
tentam recuperar o dinheiro pago
por eventos que não chegaram a
ser realizados.
Além das ações, o Procon de
São Paulo registra três reclamações. Uma está em andamento e
as outras duas não foram atendidas. A empresa não mandou representante às audiências nem
devolveu o dinheiro.
No mesmo período, seis leitores
encaminharam reclamações à Folha. Há ainda três boletins de
ocorrência em dois distritos policiais e um inquérito em curso.
Os reclamantes contam histórias parecidas (leia texto ao lado).
Eles se inscreveram e pagaram
por um curso que foi adiado -alguns relatam mais de um adiamento- e, quando pediram o
reembolso, receberam promessas
de depósito que nunca se tornaram realidade.
As duas empresas pertencem a
Ricardo Leon Repanas e Eliza
Levy Repanas e foram criadas no
ano passado, conforme atesta o
registro na Junta Comercial do
Estado de São Paulo.
Cada empresa tem seu endereço
na internet: www.axor.com.br e
www.uax.com.br. Esses espaços
divulgam os cursos e permitem
aos interessados fazer a inscrição
diretamente.
Na semana passada, a Uax
anunciava o curso de web lawyer
para quinta, dia 26 deste mês, por
R$ 700, a realizar-se no hotel Meliá Comfort, em São Paulo.
O evento não ocorreu. Gerson
Honda, gerente do hotel, informa
que duas pessoas ligaram para
confirmar o curso, uma das quais
de Brasília. "Ficaram chocadas ao
saber que nós não tínhamos reserva para o curso."
O Meliá registrou um boletim
de ocorrência de preservação de
direitos no 35º DP para demonstrar que não há nenhum vínculo
entre o hotel e a empresa organizadora do curso.
Ricardo Repanas, procurado
desde quarta pela reportagem, fez
contatos telefônicos, mas sem posicionar-se sobre os fatos.
Na primeira conversa telefônica, avisado de que teria até sexta
para se manifestar, afirmou que
prestaria todas as informações
pessoalmente, mediante a apresentação de documentos.
Disse ainda ser cliente dos advogados Flávio Yarshell, civilista, e
Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, criminalista. O primeiro informou que foi advogado de Repanas, mas não é mais. O segundo, que não foi contratado.
Na quinta e na sexta, Repanas
alegou compromissos inadiáveis
e disse que seria impossível a entrevista pessoal. Recusou-se a falar por telefone.
Os professores Raul Colcher, da
Fundação Getúlio Vargas do Rio,
e Virgílio Augusto Almeida, da
Universidade Federal de Minas
Gerais, em outubro e novembro
de 2000, respectivamente, notificaram extrajudicialmente a Axor.
Eles pediram que a empresa parasse de anunciar eventos com o
nome deles e davam um prazo de
72 horas para que fosse feito o pagamento dos honorários devidos
pelas palestras sobre comércio
eletrônico que proferiram em seminário em 21 de agosto de 2000.
"A Axor parou de anunciar cursos com o nome deles, mas não
pagou até hoje", diz Fabio Bernardi, advogado dos professores.
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