São Paulo, segunda-feira, 30 de abril de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RECLAMAÇÃO

Empresas oferecem cursos e seminários que nunca acontecem; pessoas tentam recuperar dinheiro na Justiça

Consumidor paga por evento não realizado

EUNICE NUNES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Pelo menos 16 consumidores, de setembro do ano passado ao dia 20 deste mês, recorreram aos Juizados Especiais Cíveis contra as empresas Axor e Uax, que organizam cursos e seminários. Eles tentam recuperar o dinheiro pago por eventos que não chegaram a ser realizados.
Além das ações, o Procon de São Paulo registra três reclamações. Uma está em andamento e as outras duas não foram atendidas. A empresa não mandou representante às audiências nem devolveu o dinheiro.
No mesmo período, seis leitores encaminharam reclamações à Folha. Há ainda três boletins de ocorrência em dois distritos policiais e um inquérito em curso.
Os reclamantes contam histórias parecidas (leia texto ao lado). Eles se inscreveram e pagaram por um curso que foi adiado -alguns relatam mais de um adiamento- e, quando pediram o reembolso, receberam promessas de depósito que nunca se tornaram realidade.
As duas empresas pertencem a Ricardo Leon Repanas e Eliza Levy Repanas e foram criadas no ano passado, conforme atesta o registro na Junta Comercial do Estado de São Paulo.
Cada empresa tem seu endereço na internet: www.axor.com.br e www.uax.com.br. Esses espaços divulgam os cursos e permitem aos interessados fazer a inscrição diretamente.
Na semana passada, a Uax anunciava o curso de web lawyer para quinta, dia 26 deste mês, por R$ 700, a realizar-se no hotel Meliá Comfort, em São Paulo.
O evento não ocorreu. Gerson Honda, gerente do hotel, informa que duas pessoas ligaram para confirmar o curso, uma das quais de Brasília. "Ficaram chocadas ao saber que nós não tínhamos reserva para o curso."
O Meliá registrou um boletim de ocorrência de preservação de direitos no 35º DP para demonstrar que não há nenhum vínculo entre o hotel e a empresa organizadora do curso.
Ricardo Repanas, procurado desde quarta pela reportagem, fez contatos telefônicos, mas sem posicionar-se sobre os fatos.
Na primeira conversa telefônica, avisado de que teria até sexta para se manifestar, afirmou que prestaria todas as informações pessoalmente, mediante a apresentação de documentos.
Disse ainda ser cliente dos advogados Flávio Yarshell, civilista, e Antônio Sérgio de Moraes Pitombo, criminalista. O primeiro informou que foi advogado de Repanas, mas não é mais. O segundo, que não foi contratado.
Na quinta e na sexta, Repanas alegou compromissos inadiáveis e disse que seria impossível a entrevista pessoal. Recusou-se a falar por telefone.
Os professores Raul Colcher, da Fundação Getúlio Vargas do Rio, e Virgílio Augusto Almeida, da Universidade Federal de Minas Gerais, em outubro e novembro de 2000, respectivamente, notificaram extrajudicialmente a Axor.
Eles pediram que a empresa parasse de anunciar eventos com o nome deles e davam um prazo de 72 horas para que fosse feito o pagamento dos honorários devidos pelas palestras sobre comércio eletrônico que proferiram em seminário em 21 de agosto de 2000.
"A Axor parou de anunciar cursos com o nome deles, mas não pagou até hoje", diz Fabio Bernardi, advogado dos professores.



Texto Anterior: Panorâmica - Sergipe: PMs estão aquartelados desde sexta-feira
Próximo Texto: Cursos não existem, dizem publicitárias
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.