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SAÚDE
SP tem 1 médico para cada grupo de 264 pessoas; para Cremesp, o problema está na má distribuição dos profissionais
Conselho não quer novos cursos de medicina
DA REPORTAGEM LOCAL
Não faltam médicos, mas sua
distribuição é inadequada. E o excesso de profissionais não resulta
em uma melhora da qualidade do
atendimento de saúde. Com esses
argumentos, o Conselho Regional
de Medicina do Estado de São
Paulo iniciou ontem uma campanha para tentar convencer a equipe do Ministério da Educação a
não autorizar a abertura de novos
cursos de medicina.
No Estado, o número de profissionais cresce numa proporção
duas vezes maior do que a população-há hoje 83,3 mil profissionais em atividade, um médico para cada grupo de 443 habitantes.
Na capital paulista, onde faltam
médicos na periferia, a relação é
de um médico para 264 habitantes, resultado semelhante ao de
outras capitais. O padrão da Organização Mundial da Saúde para
um bom atendimento é de 1/
1.000. No país, há um médico para
606 habitantes. A "sobra" de profissionais só é maior nos EUA.
"É preciso melhorar o que temos, fixar profissionais onde precisar e fortalecer escolas que já
existem", afirma Moacyr Esteves
Perche, integrante da Cinaem
(Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino
Médico). "Forma-se o médico para a necessidade social. E não existe essa necessidade", diz Regina
Ribeiro Parizi Carvalho, presidente do Cremesp. O conselho relaciona à proliferação descontrolada de faculdades o aumento das
infrações éticas e baixos salários.
Dezoito pedidos para a criação
de novos cursos foram encaminhados ao MEC no ano passado e
neste ano, pelo menos quatro para faculdades em São Paulo. Existem hoje 117 escolas médicas autorizadas no país, 37 criadas nos
último oito anos. Quase a metade
delas são particulares e 47% estão
concentradas no Sudeste -23 no
Estado de São Paulo.
Uma primeira versão do documento "Por que somos contra a
abertura de novos cursos de medicina" foi lançada em 1999, mas,
na avaliação do conselho, pouco
mudou desde aquela manifestação. A partir de 2000, vinte novos
cursos foram criados, apesar de o
CNS (Conselho Nacional de Saúde, órgão de controle social do
SUS), a quem cabe a avaliação da
necessidade social das escolas, ser
contra.
Avaliação da Cinaem divulgada
em 99 apontava que apenas 50%
dos professores tinham doutorado e 30%, mestrado. "Como criar
novas faculdades se já não havia
professores suficientemente preparados?", pergunta Carvalho. A
Cinaem apontou ainda currículos
inadequados -cuja adaptação
começou só no ano passado -e
infra-estrutura precária.
O conselho e outras entidades
médicas defendem dois projetos
de lei que tramitam na Câmara
Federal que estabelecem, respectivamente, uma "moratória" das
autorizações para a criação de
cursos e que o Ministério da Saúde tenha a palavra final sobre o assunto -papel que hoje é da Educação. O MEC ainda não se posicionou. Isso só deve ocorrer em
120 dias, após o término dos trabalhos de uma comissão de avaliação do ensino superior, instalada ontem.
(FABIANE LEITE)
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