São Paulo, sexta-feira, 30 de abril de 2004

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RIO

Polícia diz ter interceptado conversa em que traficante comenta que esconderijo localizado anteriormente não era o único

Grampo revela mais 4 arsenais em favela

ALESSANDRO FERREIRA
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO

A quadrilha do traficante Robson André da Silva, o Robinho Pinga, líder da facção TCP (Terceiro Comando Puro), tem mais quatro arsenais escondidos na favela da Coréia (na zona oeste do Rio). Os paióis, segundo a Polícia Civil, são parecidos com o achado na semana passada na favela, onde havia oito minas, 161 granadas e cerca de 19 mil munições.
A informação foi obtida pela polícia por meio de interceptações telefônicas feitas com autorização judicial em aparelhos usados pelo tesoureiro da quadrilha, Jorge Fernandes Valgode, o Russo, preso anteontem. A escuta foi feita após a apreensão do arsenal.
Nas conversas gravadas, Russo diz a cúmplices que a quadrilha não teve prejuízo com a perda do arsenal porque tem mais quatro. Ele não diz se os outros têm minas. Russo, segundo as escutas, é o responsável por comprar, de contrabandistas paraguaios, armas e explosivos para Pinga.
Surgiram mais indícios da ligação entre o grupo de Pinga e traficantes da Rocinha (zona sul).
O chefe da Polícia Civil, Álvaro Lins, disse ter sido informado de que, no dia 18, um dos chefes do tráfico na Rocinha, Erismar Moreira, o Bem-Te-Vi, esteve no complexo de favelas do Dendê (zona norte), controlado pelo TCP, negociando com os traficantes. Outro indício da aliança foi a apreensão na Rocinha de uma granada M-20 que seria do mesmo lote das achadas na Coréia.

Seminário
Cerca de 90% das armas apreendidas no Sudeste tinham como destino ou estavam sob posse de traficantes de drogas. As rotas usadas pelos contrabandistas não diferem dos caminhos usados para o comércio legal e o turismo.
As informações foram dadas ontem pelo delegado Roberto Prel, da Polícia Federal, no segundo dia do Semintar (Seminário Internacional de Armas), promovido pelo governo do Rio e pela ONU. Segundo ele, as principais rotas vêm do Paraguai, entrando pelo Paraná ou por Mato Grosso do Sul, chegando a Rio e São Paulo pelas estradas.
Ontem, durante a entrega de 290 novos carros para as polícias Civil e Militar, o secretário de Segurança Anthony Garotinho fez um balanço positivo de seu primeiro ano à frente da pasta. Ele disse que, apesar de "algumas aves agourentas tentarem dificultar o trabalho da polícia", conseguiu reduzir dez dos principais índices de criminalidade do Rio.


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