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VIOLÊNCIA
Secretário de Segurança prevê dois meses de intranquilidade; polícia fará operações diárias em 16 pontos críticos da cidade
Novo tiroteio deixa mulher ferida no Rio
DA SUCURSAL DO RIO
Uma mulher foi atingida nas costas por uma bala perdida na noite de ontem durante tiroteio entre traficantes e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. A troca de tiros ocorreu no morro de São Carlos (Estácio, zona central do Rio), que integra o complexo de favelas em que, na tarde de anteontem, um tiroteio deixou quatro pessoas feridas por balas perdidas.
O confronto começou por volta das 21h, na localidade conhecida
como Larguinho, na parte alta da favela e um dos acessos ao morro
da Mineira. A PM informou que a equipe de policiais fazia uma operação no morro quando encontrou traficantes armados, que teriam atirado primeiro. O tiroteio
durou cerca de 20 minutos. Ninguém foi preso.
A mulher ferida, identificada como Sandra de Souza, foi levada
para o Hospital Municipal Souza Aguiar (centro). Ela seria uma
moradora da favela.
O morro de São Carlos é vizinho do morro da Coroa, onde desde a
semana passada a população vive aterrorizada com os tiroteios entre quadrilhas inimigas e policiais.
Das quatro pessoas feridas anteontem, entre elas uma menina que estava na capela de uma escola, duas permanecem internadas em estado grave no Souza Aguiar.
Baleada nas costas, Ana Luíza de Souza, 9, voltou ontem para casa.
Intranquilidade
A população do Rio ainda terá
pelo menos dois meses de insegurança até que possam ser sentidos
efeitos do trabalho da força-tarefa
montada com o objetivo de combater a criminalidade, disse ontem o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Aguiar.
De acordo com o secretário, o
prazo é necessário para que as tarefas de investigação e inteligência possam ser realizadas pelas
Forças Armadas e pelas polícias
Federal, Civil e Militar.
Como medida emergencial, o
comandante do Bope (Batalhão
de Operações Especiais) da PM,
coronel Venâncio Moura, recebeu ordem para realizar "incursões diárias e permanentes" em 16
dos pontos considerados mais
violentos da cidade.
As áreas onde o Bope atuará a
qualquer hora do dia ou da noite
são favelas dos bairros de Vila Isabel, Engenho Novo, Santa Teresa,
Catumbi e Ramos (zonas norte e
central da cidade).
Segundo Moura, a ordem, que
partiu do coronel Francisco Braz,
comandante da PM, foi dada após
a troca de tiros entre policiais e
traficantes do morro da Coroa,
anteontem, que terminou com
quatro inocentes feridos.
"Nosso objetivo é desarticular
as quadrilhas, utilizando a inquietação dos criminosos como uma
arma a nosso favor", disse Moura.
O secretário de Segurança preferiu dizer que as operações de incursão já estavam previstas e que
faziam parte da estratégia de
combate à criminalidade.
Assassinato
O comerciante Sílvio Santos
Gonçalves, suplente de vereador
de Japeri, na Baixada Fluminense,
foi morto com tiros de fuzil anteontem à noite em Irajá (zona
norte do Rio). Ele era pré-candidato a deputado estadual pelo
PTB e marido da repórter da Rede
Globo Bette Luchese. A polícia
trabalha com as hipóteses de tentativa de assalto e crime político.
Na manhã de ontem, o detetive
Jeferson Leal da Silva, da DAS
(Delegacia Anti-Sequestro), e Idalina Moraes, irmã do diretor da
unidade, Fernando Moraes, ficaram feridos em uma tentativa de
assalto. Os dois assaltantes foram
mortos pelo policial.
(SABRINA PETRY e MARIO HUGO MONKEN)
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