São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

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VIOLÊNCIA

Secretário de Segurança prevê dois meses de intranquilidade; polícia fará operações diárias em 16 pontos críticos da cidade

Novo tiroteio deixa mulher ferida no Rio

DA SUCURSAL DO RIO

Uma mulher foi atingida nas costas por uma bala perdida na noite de ontem durante tiroteio entre traficantes e policiais do Batalhão de Choque da Polícia Militar. A troca de tiros ocorreu no morro de São Carlos (Estácio, zona central do Rio), que integra o complexo de favelas em que, na tarde de anteontem, um tiroteio deixou quatro pessoas feridas por balas perdidas.
O confronto começou por volta das 21h, na localidade conhecida como Larguinho, na parte alta da favela e um dos acessos ao morro da Mineira. A PM informou que a equipe de policiais fazia uma operação no morro quando encontrou traficantes armados, que teriam atirado primeiro. O tiroteio durou cerca de 20 minutos. Ninguém foi preso.
A mulher ferida, identificada como Sandra de Souza, foi levada para o Hospital Municipal Souza Aguiar (centro). Ela seria uma moradora da favela.
O morro de São Carlos é vizinho do morro da Coroa, onde desde a semana passada a população vive aterrorizada com os tiroteios entre quadrilhas inimigas e policiais.
Das quatro pessoas feridas anteontem, entre elas uma menina que estava na capela de uma escola, duas permanecem internadas em estado grave no Souza Aguiar. Baleada nas costas, Ana Luíza de Souza, 9, voltou ontem para casa.

Intranquilidade
A população do Rio ainda terá pelo menos dois meses de insegurança até que possam ser sentidos efeitos do trabalho da força-tarefa montada com o objetivo de combater a criminalidade, disse ontem o secretário estadual de Segurança Pública, Roberto Aguiar.
De acordo com o secretário, o prazo é necessário para que as tarefas de investigação e inteligência possam ser realizadas pelas Forças Armadas e pelas polícias Federal, Civil e Militar.
Como medida emergencial, o comandante do Bope (Batalhão de Operações Especiais) da PM, coronel Venâncio Moura, recebeu ordem para realizar "incursões diárias e permanentes" em 16 dos pontos considerados mais violentos da cidade.
As áreas onde o Bope atuará a qualquer hora do dia ou da noite são favelas dos bairros de Vila Isabel, Engenho Novo, Santa Teresa, Catumbi e Ramos (zonas norte e central da cidade).
Segundo Moura, a ordem, que partiu do coronel Francisco Braz, comandante da PM, foi dada após a troca de tiros entre policiais e traficantes do morro da Coroa, anteontem, que terminou com quatro inocentes feridos.
"Nosso objetivo é desarticular as quadrilhas, utilizando a inquietação dos criminosos como uma arma a nosso favor", disse Moura.
O secretário de Segurança preferiu dizer que as operações de incursão já estavam previstas e que faziam parte da estratégia de combate à criminalidade.

Assassinato
O comerciante Sílvio Santos Gonçalves, suplente de vereador de Japeri, na Baixada Fluminense, foi morto com tiros de fuzil anteontem à noite em Irajá (zona norte do Rio). Ele era pré-candidato a deputado estadual pelo PTB e marido da repórter da Rede Globo Bette Luchese. A polícia trabalha com as hipóteses de tentativa de assalto e crime político.
Na manhã de ontem, o detetive Jeferson Leal da Silva, da DAS (Delegacia Anti-Sequestro), e Idalina Moraes, irmã do diretor da unidade, Fernando Moraes, ficaram feridos em uma tentativa de assalto. Os dois assaltantes foram mortos pelo policial. (SABRINA PETRY e MARIO HUGO MONKEN)

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