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ESTRANHOS NO PARAÍSO
Grupo de catarinenses foi abandonado por agenciador que prometia emprego rentável no exterior
Vítimas de golpe "mendigam" na Europa
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
Pelo menos 11 catarinenses estão perambulando pela Europa
após caírem no golpe do emprego
rentável no exterior. A Polícia Federal de Joinville identificou os
agenciadores e está orientando as
famílias das vítimas.
Com a promessa de receber salários de até R$ 3.500 trabalhando
em serviços terceirizados em Londres, na Inglaterra, um agenciador de Curitiba (PR) conseguiu enganar pelo menos 12 catarinenses. Um deles já voltou ao Brasil.
Na maioria dos casos, segundo
a PF, as vítimas venderam tudo o
que tinham no Brasil e pagaram
quantias de R$ 10 mil a R$ 12 mil
ao agenciador para supostas despesas com a viagem e documentação. As vítimas têm de 22 a 42 anos e são, na maioria, mulheres.
"As pessoas ficaram iludidas
com as vantagens que o agenciador oferecia. Quando chegavam à
Europa, percebiam que tinham
caído em um golpe", afirmou o
delegado Paulo Correia Iung, chefe da PF em Joinville.
Famílias de oito das 12 vítimas
procuram a polícia para pedir
ajuda. Elas disseram que seus parentes estão dormindo na rua, pedindo esmola para poder comer e
fazendo pequenos serviços.
"Eles [as vítimas] estão com
medo de procurar as autoridades,
porque estão em situação irregular e não sabem o que pode acontecer. Mas a nossa orientação é
que a vítima vá aos consulados ou
embaixadas", disse Iung.
A PF pediu prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito
sobre o caso por mais 90 dias. O
suposto agenciador, que não pode ser identificado, deverá ser indiciado por aliciamento para fins
de imigração e estelionato. A polícia vai acionar a Interpol para localizar um ajudante do agenciador que moraria em Londres.
R.V., que não quer ser identificada, disse que sua irmã, M., 42,
que trabalhava como cozinheira
em Joinville, vendeu tudo o que tinha e contraiu dívidas de R$ 8 mil
para tentar a vida em Londres.
"Ele [o agenciador] tinha uma
ótima conversa e convenceu a minha irmã, que achou que ganharia
muito dinheiro no exterior."
M.V. saiu do Brasil em janeiro
com destino a Amsterdã, na Holanda, onde iria de barco até a Inglaterra. "Além de não ter mais dinheiro, ela não conseguiu visto para trabalhar em Londres. Ela ficou completamente desesperada e acabou indo para Paris [França] com outro brasileiro. Lá ela ficava perambulando pelas estações de trem. Ligava para o Brasil dizendo que estava passando fome e sentindo muito frio", afirmou a irmã.
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