São Paulo, quinta-feira, 30 de maio de 2002

Texto Anterior | Índice

ESTRANHOS NO PARAÍSO

Grupo de catarinenses foi abandonado por agenciador que prometia emprego rentável no exterior

Vítimas de golpe "mendigam" na Europa

JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA

Pelo menos 11 catarinenses estão perambulando pela Europa após caírem no golpe do emprego rentável no exterior. A Polícia Federal de Joinville identificou os agenciadores e está orientando as famílias das vítimas.
Com a promessa de receber salários de até R$ 3.500 trabalhando em serviços terceirizados em Londres, na Inglaterra, um agenciador de Curitiba (PR) conseguiu enganar pelo menos 12 catarinenses. Um deles já voltou ao Brasil.
Na maioria dos casos, segundo a PF, as vítimas venderam tudo o que tinham no Brasil e pagaram quantias de R$ 10 mil a R$ 12 mil ao agenciador para supostas despesas com a viagem e documentação. As vítimas têm de 22 a 42 anos e são, na maioria, mulheres.
"As pessoas ficaram iludidas com as vantagens que o agenciador oferecia. Quando chegavam à Europa, percebiam que tinham caído em um golpe", afirmou o delegado Paulo Correia Iung, chefe da PF em Joinville.
Famílias de oito das 12 vítimas procuram a polícia para pedir ajuda. Elas disseram que seus parentes estão dormindo na rua, pedindo esmola para poder comer e fazendo pequenos serviços.
"Eles [as vítimas] estão com medo de procurar as autoridades, porque estão em situação irregular e não sabem o que pode acontecer. Mas a nossa orientação é que a vítima vá aos consulados ou embaixadas", disse Iung.
A PF pediu prorrogação do prazo para a conclusão do inquérito sobre o caso por mais 90 dias. O suposto agenciador, que não pode ser identificado, deverá ser indiciado por aliciamento para fins de imigração e estelionato. A polícia vai acionar a Interpol para localizar um ajudante do agenciador que moraria em Londres.
R.V., que não quer ser identificada, disse que sua irmã, M., 42, que trabalhava como cozinheira em Joinville, vendeu tudo o que tinha e contraiu dívidas de R$ 8 mil para tentar a vida em Londres.
"Ele [o agenciador] tinha uma ótima conversa e convenceu a minha irmã, que achou que ganharia muito dinheiro no exterior."
M.V. saiu do Brasil em janeiro com destino a Amsterdã, na Holanda, onde iria de barco até a Inglaterra. "Além de não ter mais dinheiro, ela não conseguiu visto para trabalhar em Londres. Ela ficou completamente desesperada e acabou indo para Paris [França] com outro brasileiro. Lá ela ficava perambulando pelas estações de trem. Ligava para o Brasil dizendo que estava passando fome e sentindo muito frio", afirmou a irmã.



Texto Anterior: Pré-candidato a deputado é morto
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.