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SEGURANÇA
Mudança daria, na visão da Força, segurança legal para seus integrantes agirem no combate ao crime organizado
Exército quer foro especial para militar
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Exército Brasileiro está trabalhando nos bastidores para tentar
aprovar no Congresso uma mudança legal garantindo foro especial para o militar que matar ou
ferir durante operações de repressão ao crime organizado.
A medida garantiria, na visão da
Força, a segurança legal para seus
integrantes agirem. Segundo a
Folha apurou, o Comando do
Exército considera inevitável entrar no combate ao crime, apesar
das declarações em contrário do
governo. Por outro lado, a Justiça
Militar é vista com desconfiança
em setores ligados aos direitos
humanos porque ela tenderia a
ser corporativa.
Hoje, o Exército participa em
ações de logística e de inteligência
de forma regular. Episodicamente, é chamado para operações de
rua, como a Guanabara, no Rio,
durante o Carnaval.
Se um militar comete um homicídio intencional ou é autor de lesões corporais contra um civil, está sujeito à Justiça Comum e vai
ao Tribunal do Júri.
Há dois projetos em tramitação
no Senado que devolvem à Justiça
Militar os crimes cometidos por
integrantes da Força quando "em
serviço", conforme previa o Código Penal Militar de 1969 antes de
ser modificado em 1996 -justamente devido ao histórico de acusações de acobertamento e tolerância corporativa.
"O Exército tem que entrar nessa guerra contra o crime, mas é
fundamental esse respaldo legal",
afirma o senador Demóstenes
Torres (PFL-GO), que integra a
Comissão de Constituição e Justiça, na qual tramitam os projetos.
Casos
Colocar o Exército na rua durante uma crise é uma solução rápida e quase sem ônus político para o governo federal. Mas pode
haver problemas. Um exemplo
aconteceu em março, quando um
militar, em uma barreira policial
durante uma força-tarefa articulada pelo governo, matou o professor Frederico Faria no Rio.
Na avaliação do Exército, segundo a Folha apurou, o governo
saiu incólume do episódio -enquanto a Força ficou com o carimbo de despreparada.
Em um caso mais antigo, até hoje há militares respondendo a
processos por conta da operação
Rio, em 1994, quando integrantes
da Força subiram morros no Rio
de Janeiro e entraram em confronto com traficantes.
Na terça-feira, em encontro
com jornalistas estrangeiros, o
presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que era contra a participação de militares no combate à
criminalidade porque os recrutas
não estariam preparados. Não há
coletes à prova de balas suficientes nem balas de borracha, equipamentos básicos para ações de
cunho policial.
Oficialmente, o Centro de Comunicação Social do Exército declarou que "a palavra do presidente é diretriz das Forças Armadas", afirmativa que descartaria a
possibilidade de ingresso dos militares em ações policiais.
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