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Câmara planeja votar pacote de 17 projetos de segurança em junho
OTÁVIO CABRAL
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A Câmara dos Deputados, pautada pela crescente onda de violência que atinge principalmente
o Rio de Janeiro, tentará votar um
pacote de 17 projetos de segurança entre os dias 23 e 27 de junho.
Os projetos, em linha geral, endurecem o Código Penal e o Código de Processo Penal. Entre as
propostas mais polêmicas estão o
aumento do tempo máximo de
permanência na prisão de 30 para
40 anos, a instituição do julgamento à revelia pelo Tribunal do
Júri e o acréscimo de um terço nas
penas dos condenados por crimes
contra policiais, juízes e funcionários do Ministério Público.
Por outro lado, o pacote ameniza a legislação sobre entorpecentes, acabando com as penas para a
posse e o consumo de drogas leves e tornando obrigatório na rede pública de saúde o tratamento
dos dependentes químicos.
O Ministério da Justiça dá aval à
maior parte dos projetos, mas teme que a discussão concomitante
de tantos temas delicados possa
ser prejudicial.
A iniciativa do lançamento da
"Semana da Segurança" foi do
presidente da Câmara, João Paulo
Cunha (PT-SP). A ofensiva era
para ter ocorrido em abril, logo
após o assassinato de juízes em
Presidente Prudente (SP) e Vitória (ES), mas o excesso de medidas provisórias na pauta da Câmara impediu a iniciativa.
João Paulo, então, adiou para
junho, quando a pauta deve estar
livre. Mas há o risco de a discussão das reformas dificultar a votação desses projetos.
A intenção do presidente da Câmara é mostrar que o Legislativo
pode ter uma pauta independente
do Executivo, atrelada a temas de
interesse da sociedade. Mesmo
método utilizado por seu antecessor, Aécio Neves (PSDB-MG),
que tentou, sem sucesso, lançar
ofensivas de segurança após crimes que geraram comoção.
Desde o início da atual gestão,
em fevereiro, projetos enviados
pelo Planalto, como as reformas
tributária e da Previdência, e duas
dezenas de medidas provisórias
dominaram as discussões.
Dos 17 projetos destacados, oito
foram elaborados pela Comissão
Mista de Segurança Pública do
Congresso, instalada logo após o
caso do ônibus 174, no Rio, no início de 2000, quando um sequestrador foi morto pela polícia após
ter matado sua vítima.
João Paulo avalia que há condições de aprovar seis projetos.
Dois deles têm por objetivo combater o crime organizado, colocando os líderes de quadrilhas em
penas mais rígidas e definindo o
crime de lavagem de dinheiro e
métodos para o repatriamento de
bens de criminosos no exterior.
Ministério
O Ministério da Justiça considera uma temeridade tratar de temas tão abrangentes e delicados
em cinco dias. "É preocupante
mexer de forma intensiva em cinco questões cruciais de segurança
ao mesmo tempo", avalia Cláudio
Alencar, assessor especial do ministro Márcio Thomaz Bastos.
Os projetos abordam legislação
de crime organizado, porte de armas, lavagem de dinheiro, tráfico
e porte de drogas e julgamento.
Alencar teme ainda que acordos
políticos para a aprovação em
bloco possam causar algum retrocesso na atual legislação.
Em discussões sobre o tema,
Márcio Thomaz Bastos avalia que
não é preciso modificar tantas leis
para combater a criminalidade. O
mais importante a curto prazo é
dar melhores condições de trabalho aos agentes do Estado.
Em reuniões com emissários da
liderança do governo na Câmara,
técnicos do ministério apresentaram uma relação de projetos mais
simples, porém menos polêmicos. Mas a sugestão não foi aceita.
O ministério preferia ver em votação apenas projetos com o crivo
do Conselho Nacional de Política
Criminal e Penitenciária. Mas temas como o aumento do tempo
de prisão para 40 anos e aumento
das penas para crimes contra
agentes do Estado não foram
aprovados pelo conselho.
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