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São Paulo, sexta-feira, 30 de maio de 2003

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SAÚDE

Número de possíveis vítimas de medicamento sobe para 14; produtos do laboratório Enila são suspensos

Anvisa registra nova morte suspeita

CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL

Mais um caso de morte após o uso do contraste radiológico Celobar foi registrado ontem pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), elevando para 14 o número de possíveis mortes causados pelo medicamento. Outras seis pessoas -três em Minas Gerais, duas no Rio e uma no Espírito Santo- relataram terem tido efeitos colaterais após a utilização do contraste, aumentando para 26 o total dessas queixas.
A Folha apurou que está praticamente descartada a hipótese de que as mortes dessas pessoas tenham sido provocadas por contaminação bacteriana. A possibilidade havia sido levantada a partir de um laudo do laboratório Enila, fabricante do produto, que apontava grande presença bacteriana em amostras recolhidas do lote de número 3040068, distribuído em nove Estados brasileiros além do Distrito Federal.
A principal suspeita recai agora sobre a concentração do sulfato de bário, substância que compõe o medicamento e que serve para contrastar o órgão a ser examinado durante o exame de raio-X.
Novos exames estão sendo feitos para saber se houve alguma espécie de dispersão da substância ou de outros componentes do medicamento no organismo.
Para a pesquisadora Therezinha Andreolli Pinto, do departamento de farmácia da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP (Universidade de São Paulo), é pouco provável que tenha havido dispersão do sulfato de bário porque esse componente é, classicamente, insolúvel no organismo.
Na manhã de ontem, a vigilância sanitária do Rio interditou o laboratório e determinou o recolhimento de todos os 60 tipos de produtos da empresa.
Segundo Graça Hofmeister, gerente de investigação de medicamentos da Anvisa, a medida foi tomada preventivamente para saber se a mesma falha no controle de qualidade do Celobar pode ter ocorrido com outros remédios.
Ontem, a SVSA (Superintendência da Vigilância Sanitária e Ambiental) de Goiás confirmou 7 dos 11 casos de mortes suspeitas de contaminação pelo uso do Celobar no Estado.
Técnicos da Anvisa e da SVSA, epidemiologistas e toxicologistas se reúnem hoje em Goiânia para analisar as causas das mortes.
Nos casos de morte que podem ter ligação com o uso do Celobar, as vítimas apresentaram náuseas, vômitos, fortes dores abdominais, diarréia, perda dos movimentos motores e, por fim, paradas cardiorrespiratórias.

Laboratório
Anteontem, o laboratório Enila informou não saber as razões que teriam levado o medicamento a supostamente provocar as mortes. Segundo Odilon Costa, diretor de marketing da empresa, a ordem de recolhimento do lote 3040068 foi dada assim que o laboratório foi alertado de que pacientes teriam passado mal com a ingestão do medicamento.
O lote, com cerca de 4.500 unidades, começou a ser retirado das farmácias do país no mesmo dia, disse. Costa também afirmou que a Anvisa foi avisada imediatamente -o órgão diz que recebeu aviso na segunda.


Colaborou a Agência Folha


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