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SAÚDE
Número de possíveis vítimas de medicamento sobe para 14; produtos do laboratório Enila são suspensos
Anvisa registra nova morte suspeita
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais um caso de morte após o
uso do contraste radiológico Celobar foi registrado ontem pela
Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), elevando para
14 o número de possíveis mortes
causados pelo medicamento. Outras seis pessoas -três em Minas
Gerais, duas no Rio e uma no Espírito Santo- relataram terem tido efeitos colaterais após a utilização do contraste, aumentando
para 26 o total dessas queixas.
A Folha apurou que está praticamente descartada a hipótese de
que as mortes dessas pessoas tenham sido provocadas por contaminação bacteriana. A possibilidade havia sido levantada a partir
de um laudo do laboratório Enila,
fabricante do produto, que apontava grande presença bacteriana
em amostras recolhidas do lote de
número 3040068, distribuído em
nove Estados brasileiros além do
Distrito Federal.
A principal suspeita recai agora
sobre a concentração do sulfato
de bário, substância que compõe
o medicamento e que serve para
contrastar o órgão a ser examinado durante o exame de raio-X.
Novos exames estão sendo feitos para saber se houve alguma
espécie de dispersão da substância ou de outros componentes do
medicamento no organismo.
Para a pesquisadora Therezinha
Andreolli Pinto, do departamento
de farmácia da Faculdade de
Ciências Farmacêuticas da USP
(Universidade de São Paulo), é
pouco provável que tenha havido
dispersão do sulfato de bário porque esse componente é, classicamente, insolúvel no organismo.
Na manhã de ontem, a vigilância sanitária do Rio interditou o
laboratório e determinou o recolhimento de todos os 60 tipos de
produtos da empresa.
Segundo Graça Hofmeister, gerente de investigação de medicamentos da Anvisa, a medida foi
tomada preventivamente para saber se a mesma falha no controle
de qualidade do Celobar pode ter
ocorrido com outros remédios.
Ontem, a SVSA (Superintendência da Vigilância Sanitária e
Ambiental) de Goiás confirmou 7
dos 11 casos de mortes suspeitas
de contaminação pelo uso do Celobar no Estado.
Técnicos da Anvisa e da SVSA,
epidemiologistas e toxicologistas
se reúnem hoje em Goiânia para
analisar as causas das mortes.
Nos casos de morte que podem
ter ligação com o uso do Celobar,
as vítimas apresentaram náuseas,
vômitos, fortes dores abdominais,
diarréia, perda dos movimentos
motores e, por fim, paradas cardiorrespiratórias.
Laboratório
Anteontem, o laboratório Enila
informou não saber as razões que
teriam levado o medicamento a
supostamente provocar as mortes. Segundo Odilon Costa, diretor de marketing da empresa, a
ordem de recolhimento do lote
3040068 foi dada assim que o laboratório foi alertado de que pacientes teriam passado mal com a
ingestão do medicamento.
O lote, com cerca de 4.500 unidades, começou a ser retirado das
farmácias do país no mesmo dia,
disse. Costa também afirmou que
a Anvisa foi avisada imediatamente -o órgão diz que recebeu
aviso na segunda.
Colaborou a Agência Folha
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