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Pacientes ainda sofrem na fila da cirurgia
da Reportagem Local
O debate entre a droga e o bisturi
ainda não chegou para muitos pacientes brasileiros. A fila aqui ainda é pela cirurgia, que poderia salvar milhares de vidas. O número
de pacientes operados do coração
no país está em torno de 180 a 200
por milhão de habitantes.
Nos EUA, são 1.100 cirurgias das
coronárias por milhão de pessoas.
"É um exagero, mas no Brasil ainda há muito por fazer", diz Enio
Buffolo, que já presidiu a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).
Na sua opinião, a média ideal seria aquela dos países do oeste europeu, onde são feitas 600 cirurgias
cardíacas por milhão de habitantes, três vezes mais que no Brasil.
O número de cirurgias vem aumentando também em função das
novas tecnologias. "Entre nossos
pacientes, 5% a 7% têm mais de 75
anos", diz Sérgio Oliveira, que faz
em média três cirurgias por dia.
Vinte anos atrás, pouquíssimas
pessoas nessa idade faziam cirurgias. As operações também são feitas em recém-nascidos.
No grupo dos novos beneficiados, estão pacientes diabéticos e
mesmo aqueles com lesões importantes que antes não tinham esperança, lembra Adib Jatene.
Em alguns casos, a cirurgia traz
uma qualidade de vida que a angioplastia ou os remédios não oferecem. O cardiologista Juarez Ortiz, 51, especialista em diagnóstico,
indicou para si próprio uma cirurgia depois de ter se submetido,
com sucesso, a uma angioplastia.
"Costumo pescar em alto mar
com meus filhos e queria me sentir
absolutamente seguro", relata Ortiz, que é candidato à presidência
da SBC. Ele mesmo escolheu a
equipe que implantou em seu coração a ponte de safena. "Em um
mês, retomei todas as atividades."
Inclusive as pescarias.
Na sua opinião, o futuro da cardiologia está na informática, que
ajudará a definir com precisão o
procedimento mais adequado.
Enquanto a cirurgia se sofistica e
beneficia pacientes mais complexos, a angioplastia se firma como a
solução para a grande maioria dos
pacientes. "Só o Incor já fez 15 mil
angioplastias, o que significa que
10 mil pacientes evitaram a operação", diz o cardiologista Wady
Hueb. Estima-se que, de cada três
pacientes que há 15 anos eram operados, dois podem se beneficiar da
angioplastia.
Em dois dias, o paciente está em
casa e em uma semana retoma as
atividades.
Entre 1996 e 1997, 22.025 pacientes se submeteram à angioplastia
no país. Segundo um estudo conduzido por Amanda Souza e colaboradores, da Sociedade Brasileira
de Hemodinâmica e Cardiologia
Intervencionista, 92,8% dos casos
foram bem-sucedidos. Nos anos
de 92 e 93, a taxa de sucesso era de
89,7%. O estudo foi publicado nos
Arquivos Brasileiros de Cardiologia da SBC.
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