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Costureiras saem da "caverna"
DA SUCURSAL DO RIO
No morro do Cantagalo (zona
sul do Rio de Janeiro), as costureiras negras da cooperativa Corte e
Arte têm uma expressão para definir a mudança em suas vidas:
sair da "caverna".
Quem está na "caverna" é quem
está em casa, sem dinheiro, sem
trabalho, com fome e sem motivação para a vida. Muitas dessas
mulheres caem em depressão.
Para as mulheres da cooperativa
do morro do Cantagalo, costurar
foi a forma para reduzir a pobreza
e melhorar de vida. Quase todas
elas são negras e já enfrentaram o
racismo quando foram procurar
trabalho.
"Muitas vezes a gente não consegue subir no emprego lá fora só
porque é negro. A gente é do morro, a gente tem menos estudo, aí
tudo fica mais difícil. Pobreza é isso", afirma Elisete da Silva Napoleão, 39, uma das costureiras do
grupo.
Sem depressão
Sônia Maria Batista de Souza,
44, estava em depressão por causa
da doença do filho, que foi vítima
de paralisia cerebral. "Aí eu vim
costurar, ter um trabalho. Consigo juntar um dinheirinho, compro as coisas e ainda cuido do
meu filho", diz.
As costureiras fabricam peças
de roupa, por encomenda ou não,
que são vendidas em feiras ou no
próprio Cantagalo. Dependendo
da produção e das vendas, elas
conseguem tirar de R$ 200 a R$
350 mensais.
A cooperativa existe há nove
anos. Aos poucos o trabalho foi
crescendo e ganhou financiamento do FundoAfro, um fundo de
apoio a populações negras, coordenado pelo Ceap (Centro de Articulação de Populações Marginalizadas). O centro recebe recursos
da Fundação Interamericana, sediada nos Estados Unidos.
"A pobreza negra é uma realidade. O governo adotou medidas
simbólicas importantes, como a
nomeação de negros para cargos
públicos, mas é cedo para ver efeitos do ponto de vista prático. O
negro tem de ser incluído nas políticas públicas", afirma Ivanir dos
Santos, coordenador do Ceap.
O FundoAfro financia hoje 65
projetos de geração de renda,
combate à pobreza e ação comunitária, cada um com verbas iniciais de R$ 3 mil a R$ 7 mil. Além
das costureiras do morro do Cantagalo, há projetos voltados para
grupos de jovens e outros de informática.
(FE)
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