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São Paulo, segunda-feira, 30 de junho de 2003

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DROGAS

Denarc revistou 1.200 pessoas em três danceterias e só liberou um grupo de adolescentes alcoolizados após chamar os pais

Polícia faz blitz em bares da Vila Olímpia

DA REPORTAGEM LOCAL

As luzes são acesas de repente. Em meio à música alta, porções de drogas começam a ser encontradas pelo chão. Pessoas tentam passar despercebidas para não serem revistadas. Há adolescentes, que nem deveriam estar ali, aparentemente embriagados.
O cenário resume as seis horas de operação do Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Narcóticos) em casas noturnas, na madrugada de ontem, no coração jovem da noite paulistana: a Vila Olímpia, na zona oeste da capital.
Em três casas -Lombok, The One e Lov.e-, policiais apreenderam 15 comprimidos de ecstasy, 193 gramas de maconha sob a forma de cigarros, 15 gramas de cocaína e uma pistola.
Cerca de 1.200 pessoas foram revistadas e 36 carros abordados nos arredores. Dez adolescentes foram apreendidos com sinais de embriaguez, todos com menos de 14 anos, e liberados mais tarde para os pais, na delegacia.
A operação, batizada de "Dancing 2", é a segunda realizada na região em menos de um mês. Segundo o delegado Ivaney Cayres de Souza, diretor do Denarc, o trabalho é preventivo, não tem como finalidade apreender grandes quantidades de drogas, mas "acabar com a sensação de território livre para o consumo de drogas encontradas nesses locais".
Pela primeira vez, a ação contou com apoio da Polícia Militar, que fez blitze nos arredores das casas noturnas, e do Corpo de Bombeiros, que verificou as condições de de segurança nesses estabelecimentos. Mais de 150 policiais foram mobilizados.
"Faltavam extintores, saídas de emergência e uma delas tinha alvará vencido em 2001 para receber 149 pessoas, mas, na verdade, encontramos mais de 1.000 lá dentro", diz o delegado.
Os bombeiros vão enviar à Prefeitura de São Paulo, a quem cabe fiscalizar esse tipo de irregularidade, um relatório sobre as falhas de segurança encontradas.
Em outra frente na noite paulistana, o Denarc tem infiltrado policiais em festas rave para identificar fornecedores de drogas sintéticas, como ecstasy e LSD.
Nos últimos dez meses, o departamento apreendeu 5.000 comprimidos de ecstasy, 1,9 mil tubos de lança-perfume, 15 kg de maconha e 3,5 kg de cocaína.
A partir das operações "Dancing", o Denarc irá avaliar em inquérito se responsabiliza ou não os donos dos estabelecimentos pelos focos de consumo de drogas encontrados nas casas noturnas e pela venda de bebidas a menores.
Ontem, a Folha não conseguiu localizar representantes das três casas noturnas visitadas.
Segundo o advogado Walter Ceneviva, colunista da Folha, os donos dos bares só podem ser responsabilizados se for comprovado que eles facilitaram, diretamente, o consumo de drogas. De outro modo, a penalidade deve incidir só sobre o envolvido.
Sobre as revistas feitas pelos policiais, o advogado alerta que podem caracterizar-se como uma violação à intimidade dos frequentadores, a não ser que estes estivessem apresentando algum tipo de conduta imprópria.


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