São Paulo, quarta-feira, 30 de junho de 2004

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TRANSPORTE

Resultado, no entanto, não reverteu em ganho eleitoral para a prefeita, conforme revela pesquisa Datafolha

Bilhete único de Marta é aprovado por 81%

DA REDAÇÃO

A implantação do bilhete único na rede de transporte coletivo (ônibus, miniônibus e microônibus) administrada pela Prefeitura de São Paulo conta com a aprovação de 81% dos paulistanos.
Em vigor desde 18 de maio, o novo sistema permite que os passageiros façam deslocamentos livres nos coletivos municipais no intervalo de duas horas, pagando uma única tarifa de R$ 1,70.
O apoio da maioria à iniciativa da gestão Marta Suplicy (PT) é obtido inclusive entre aqueles que têm uma avaliação negativa do governo municipal (68%) e dos correligionários do principal partido de oposição, o PSDB (82%). Os dados são de pesquisa Datafolha realizada em 24 e 25 deste mês.

Bilhete x voto
O potencial eleitoral do bilhete único, ao menos neste momento, não se mostra tão eficaz como desejaria a prefeita Marta, candidata à reeleição. Entre os que usam o cartão magnético, ela teria 27% dos votos -está estatisticamente empatada com o líder da disputa, José Serra, do PSDB, que tem 30%. Segundo o Datafolha, no conjunto dos paulistanos, a diferença de intenção de votos de ambos (20% e 30%, respectivamente) está fora da margem de erro da pesquisa -três pontos percentuais para mais ou para menos.
Por outro lado, a iniciativa da gestão petista pode ser o grande cabo eleitoral de Marta, se levado em conta que 79% dos paulistanos utilizam o ônibus como o meio de transporte mais freqüente em seu dia-a-dia e que apenas 27% da população já utilizou esse benefício que, efetivamente, reduziu seu gasto com deslocamentos cotidianos pela cidade.
O trabalhador que utiliza o ônibus quatro vezes ao dia consegue economizar cerca de R$ 70 em um mês com a adesão ao novo bilhete, segundo a prefeitura.
Num primeiro balanço, a Secretaria Municipal dos Transportes informou que, em seu primeiro mês, 57% dos 3 milhões de usuários de transporte coletivo tinham aderido ao bilhete único. A expectativa é que essa taxa chegue aos 90% no final de agosto.
Entre os técnicos em transporte público, há uma polêmica sobre a possibilidade dessa forma de bilhetagem, à medida em que aumenta sua taxa de adesão, se transformar em sugador de verba pública na forma de subsídio. Afinal, serão mais pessoas usando ônibus e/ou lotações mais vezes por um mesmo preço.
Os representantes da prefeitura alegam que o risco não existe. Dizem que as viações ganharam com a reestruturação do transporte coletivo ao ser eliminada a sobreposição de linhas, ao ser obtido o aumento da fluidez do tráfego e, com a renovação da frota, que reduziu o gasto com manutenção dos veículos. Além, óbvio, de ampliar o número de usuários do sistema, inclusive com a migração de passageiros do metrô, cuja tarifa é mais cara (R$ 1,90).

Informação
O Datafolha revela que a publicidade do bilhete único, que custou cerca de R$ 3 milhões aos cofres municipais, foi eficiente. Dois terços dos paulistanos têm uma avaliação positiva das informações prestadas sobre o funcionamento do sistema.
Pouco menos de três quartos (71%) consideram ótimo/bom o tempo de duas horas estabelecido para se deslocar pela cidade em quantos ônibus/lotações forem necessários ao custo de R$ 1,70.
No sistema, o ponto que menos satisfaz o morador de São Paulo é o processo para adquirir e recarregar o cartão magnético (59% de taxa de aprovação).
O interessado em possuir o bilhete único deve se dirigir a casas lotéricas ou postos da SPTrans (empresa que gerencia o transporte coletivo) para retirar gratuitamente seu cartão e carregá-lo com valores de R$ 8,50 a R$ 100.
Nos primeiros dias de implantação da bilhetagem eletrônica, os interessados tiveram de enfrentar longas filas por causa de inadequações da rede digital para a carga inicial dos cartões magnéticos.

Avaliação do sistema
Os 1.083 eleitores paulistanos com mais de 16 anos ouvidos pelo Datafolha demonstram estar mais satisfeitos com os transporte gerido pelo poder público.
A aprovação do sistema de ônibus é recorde -38%, sete pontos percentuais a mais do que a taxa verificada em março. O serviço das lotações é ótimo/bom para 41%. O metrô, nas mãos do governo estadual, tem um grau de satisfação recorde de 79%.


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