São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005 |
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CRIME NO BROOKLIN Saída de estudante que matou os pais teve forte esquema da polícia, que a escoltou com motos em Rio Claro Suzane deixa prisão sob gritos de "assassina"
VICTOR RAMOS ENVIADO ESPECIAL A RIO CLARO Aos gritos de "assassina", Suzane von Richthofen, que confessou ter participado do assassinato dos pais em 2002, deixou ontem o Centro de Ressocialização Feminino, em Rio Claro (175 km de SP), por volta das 17h. Saiu, sob vaias e ofensas de cerca de 200 pessoas que a aguardavam na porta da prisão, em uma Blazer da polícia escoltada por motos. Após decisão de terça-feira do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Suzane irá aguardar em liberdade o seu julgamento pelo Tribunal de Júri, ainda sem data. A medida, que surpreendeu a Promotoria, provocou uma discussão nos meios jurídicos. Nenhum parente apareceu para aguardar a saída de Suzane. Segundo seu advogado, Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, em entrevista ontem à Rede Globo, o destino dela ainda é incerto. "Mas ela terá acolhida, terá um lar, terá gente que a ampare." Antes de deixar o local, uma das três unidades penitenciárias por onde passou nos dois anos e sete meses em que ficou presa desde que confessou o crime, Suzane apareceu na ante-sala do centro, onde a imprensa a aguardava. De cabelos lisos e num tom mais avermelhado, ela tinha uma expressão tranqüila. Conforme se aproximou dos jornalistas, conduzida pela diretora do local, Irani Torres, foi se mostrando mais assustada. "Não tenho nada a declarar. Depois eu marco uma [entrevista] coletiva", disse, antes de sair. Pouco depois, após insistência dos jornalistas, Suzane reapareceu abraçada à diretora. Dessa vez, no entanto, preferiu permanecer separada da imprensa por uma grade e não disse nada. Ficou ali por segundos, posando para fotógrafos e cinegrafistas. A saída foi marcada por um forte esquema policial. No decorrer da tarde de ontem, o policiamento na frente do centro teve de ser reforçado conforme chegavam mais pessoas ao local. Uma pedra chegou a ser atirada. Depois de sair na Blazer da polícia, Suzane teria entrado em um Golf que a esperava na rodovia Washington Luís. A defesa entrou com pedido de habeas corpus baseado na legislação que determina que o réu só pode ficar preso até o julgamento em casos excepcionais -como oferecer risco à sociedade. Suzane, o namorado Daniel Cravinhos de Paula e o irmão dele, Cristian, confessaram o assassinato de Manfred, 49, e Marísia, 50, enquanto estes dormiam em casa, no Brooklin (zona sul). Os três foram denunciados à Justiça por duplo homicídio triplamente qualificado -motivo torpe, meio cruel e impossibilidade de defesa da vítima. Se condenada, Suzane pode pegar de 24 a 62 anos de prisão. A advogada dos irmãos Daniel e Cristian, Gislaine Haddad Jabur, disse que ainda não decidiu se entrará com pedido de habeas corpus semelhante ao que libertou Suzane. "Existe a possibilidade." O pai dos irmãos Cravinho, Astrogildo, evitou falar do caso. "Ela [Suzane] deixou a prisão porque a lei permite tal recurso, mas não sabemos se vamos pedir a liberdade dos meus filhos também." Para a Promotoria, ela planejou o crime porque os pais não aceitavam o seu namoro. Ela, porém, alega que foi "convencida" pelo namorado a participar do crime. Segundo o promotor do caso, Roberto Tardelli, corre em segredo de Justiça, e já em estado adiantado, um processo movido pelo irmão de Suzane, Andreas, pedindo que ela seja deserdada. Colaboraram a Reportagem Local e o "Agora" Próximo Texto: "Sabia que Deus me ouviria", diz Suzane a diretora Índice |
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