São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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"Para nós, ele apenas morreu", diz tia de Luís

JOSÉ MESSIAS XAVIER
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Próxima do caixão, uma tia de Luís Fernando Silva Martins, 16, resume a tragédia de forma contida: "Para a família, ele apenas morreu. Agora é a lei do silêncio", disse, sem se identificar. Durante o velório, presentes apontaram jovens que estavam na entrada da capela L do cemitério do Caju, avisando que eles tinham armas.
Luís Fernando, 16 anos completados dia 26 de maio, foi enterrado no carneiro 58.598, quadra 77. Morreu em troca de tiros com policiais do 3º BPM (Méier) no morro São João, no Engenho Novo, zona norte do Rio, na manhã de segunda-feira. Luís Fernando não trabalhava. Entrou para uma quadrilha de traficantes aos 14 anos.
O primeiro processo dele na 2ª Vara para a Infância e Juventude, por associação para o tráfico de drogas, começou em 2003, de acordo com a polícia. A partir daquele ano, outras investigações policiais foram se somando à sua ficha criminal, sempre por tráfico.
A morte ocorreu, de acordo com os registros policiais, durante troca de tiros com soldados da PM às 9h40 da segunda-feira, na rua Juiz Jorge Salomão, uma das principais da favela onde foi criado e vivia com os pais, Luiz Antônio Martins de Arruda e Célia Regina dos Santos Silva.
O atestado de óbito, assinado pelo médico Leonardo Pereira Quintella, revela que Luís levou dois tiros, um que rompeu suas vísceras e outro que atravessou seu tórax. Com ele, ainda segundo o registro policial feito na 25ª DP (Engenho Novo), foram apreendidos uma granada M-3, uma espingarda calibre 12, um radiocomunicador, 46 trouxinhas de maconha e 65 papelotes de cocaína.


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