São Paulo, quinta-feira, 30 de junho de 2005

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CLIMA

"Fenômeno Catarina", que atingiu Santa Catarina e o Rio Grande do Sul em 2004, pode voltar a ocorrer, prevêem especialistas

Meteorologia alerta para risco de ciclones

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

O "fenômeno Catarina", ciclone que em março de 2004 atingiu Santa Catarina e o Rio Grande do Sul e deixou três mortos e sete desaparecidos, além de um prejuízo calculado em mais de R$ 1 bilhão, pode se repetir no futuro.
A conclusão surgiu após um encontro que nos últimos dois dias reuniu meteorologistas do Brasil, dos EUA e da Austrália no Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), em São José dos Campos (91 km de São Paulo).
Após mais de um ano de discussões e estudos, o surgimento do Catarina ainda é um ponto de interrogação para pesquisadores e meteorologistas, que consideram esse o fenômeno natural mais violento já registrado no país.
O único consenso é que o Catarina nasceu no sul do Atlântico como um ciclone extratropical -relacionado às frentes frias. Com o passar do tempo, adquiriu características de um furacão -fenômeno que atinge principalmente os EUA e une chuva intensa e ventos fortíssimos que seguem em direção ao continente, acompanhado por um ""olho".
"Se aconteceu uma vez, por que não poderia acontecer de novo?", questiona a presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia, Maria Gertrudes Justi da Silva. "É um fenômeno raro, mas temos que estar preparados para uma eventualidade."
Segundo o vice-diretor científico do sociedade, Manoel Alonso Gan, meteorologistas e cientistas acreditam que o Catarina possa estar associado a mudanças e anomalias climáticas e atmosféricas, como as verificadas na época.
"Tivemos um verão mais frio do que o normal nas regiões Sudeste e Sul. Além disso, a temperatura da superfície do mar ficou próxima a 26C, umas das condições principais para o surgimento dos furacões no hemisfério Norte."
"Acredito que, se essa situação se repetir, e a água do mar continuar quente, podemos ter um novo Catarina não só na região Sul, mas até no Nordeste."
O Catarina atingiu o Sul entre 27 e 28 de março de 2004, com ventos de até 180 km/h. Cerca de 1.500 casas foram destruídas e mais de 40 mil ficaram danificadas.
Do encontro realizado no Inpe será preparado um documento com sugestões para desenvolvimento do setor de meteorologia brasileiro, que serão enviadas ao governo federal. Entre as medidas, os meteorologistas consideram fundamental que o Brasil tenha seu próprio radar meteorológico -hoje o país depende das imagens de satélite enviadas pelos EUA para fazer suas previsões.

Frio no Sul
A Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo (RS) alertou ontem para o que define como ""frio histórico" a ocorrer na semana que vem em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul.
As temperaturas mais baixas deverão ocorrer de terça-feira até o dia 15. O órgão considera ""elevadíssima" a possibilidade de neve no Rio Grande do Sul.


Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre

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