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CLIMA
"Fenômeno Catarina", que atingiu Santa Catarina e o Rio Grande do Sul em 2004, pode voltar a ocorrer, prevêem especialistas
Meteorologia alerta para risco de ciclones
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
O "fenômeno Catarina", ciclone
que em março de 2004 atingiu
Santa Catarina e o Rio Grande do
Sul e deixou três mortos e sete desaparecidos, além de um prejuízo
calculado em mais de R$ 1 bilhão,
pode se repetir no futuro.
A conclusão surgiu após um encontro que nos últimos dois dias
reuniu meteorologistas do Brasil,
dos EUA e da Austrália no Inpe
(Instituto Nacional de Pesquisas
Espaciais), em São José dos Campos (91 km de São Paulo).
Após mais de um ano de discussões e estudos, o surgimento do
Catarina ainda é um ponto de interrogação para pesquisadores e
meteorologistas, que consideram
esse o fenômeno natural mais violento já registrado no país.
O único consenso é que o Catarina nasceu no sul do Atlântico
como um ciclone extratropical
-relacionado às frentes frias.
Com o passar do tempo, adquiriu
características de um furacão
-fenômeno que atinge principalmente os EUA e une chuva intensa e ventos fortíssimos que seguem em direção ao continente,
acompanhado por um ""olho".
"Se aconteceu uma vez, por que
não poderia acontecer de novo?",
questiona a presidente da Sociedade Brasileira de Meteorologia,
Maria Gertrudes Justi da Silva. "É
um fenômeno raro, mas temos
que estar preparados para uma
eventualidade."
Segundo o vice-diretor científico do sociedade, Manoel Alonso
Gan, meteorologistas e cientistas
acreditam que o Catarina possa
estar associado a mudanças e
anomalias climáticas e atmosféricas, como as verificadas na época.
"Tivemos um verão mais frio do
que o normal nas regiões Sudeste
e Sul. Além disso, a temperatura
da superfície do mar ficou próxima a 26C, umas das condições
principais para o surgimento dos
furacões no hemisfério Norte."
"Acredito que, se essa situação
se repetir, e a água do mar continuar quente, podemos ter um novo Catarina não só na região Sul,
mas até no Nordeste."
O Catarina atingiu o Sul entre 27
e 28 de março de 2004, com ventos de até 180 km/h. Cerca de 1.500
casas foram destruídas e mais de
40 mil ficaram danificadas.
Do encontro realizado no Inpe
será preparado um documento
com sugestões para desenvolvimento do setor de meteorologia
brasileiro, que serão enviadas ao
governo federal. Entre as medidas, os meteorologistas consideram fundamental que o Brasil tenha seu próprio radar meteorológico -hoje o país depende das
imagens de satélite enviadas pelos
EUA para fazer suas previsões.
Frio no Sul
A Rede de Estações de Climatologia Urbana de São Leopoldo
(RS) alertou ontem para o que define como ""frio histórico" a ocorrer na semana que vem em Santa
Catarina e no Rio Grande do Sul.
As temperaturas mais baixas
deverão ocorrer de terça-feira até
o dia 15. O órgão considera ""elevadíssima" a possibilidade de neve no Rio Grande do Sul.
Colaborou LÉO GERCHMANN, da Agência Folha, em Porto Alegre
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