São Paulo, sexta-feira, 30 de junho de 2006

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Agentes ameaçam impedir visitas

Categoria fez greve ontem de um dia em protesto à morte de colega e promete ato no final de semana

Sindicato afirma que boicote a atendimento a presos atingiu 41 das 144 unidades prisionais no Estado; para a secretaria, foram 19

DA REPORTAGEM LOCAL

Após um boicote ao atendimento aos presos em várias unidades prisionais de São Paulo ontem, os agentes penitenciários agora ameaçam proibir as visitas no final de semana. A categoria protesta contra a morte do agente Nilton Celestino, anteontem.
O movimento partiu do Sifuspesp (Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do Estado de São Paulo), que realiza assembléias para votar a interrupção das visitas. "Será um luto de dois dias", afirmou o secretário-geral da entidade, Antônio Ferreira. Representantes da categoria na Grande São Paulo, em São José do Rio Preto, Araraquara e Mirandópolis já aprovaram o protesto. Outras sete regiões do Estado ainda vão decidir em assembléias.
Segundo Ferreira, a paralisação quer chamar a atenção para a fragilidade da categoria, novo alvo do PCC desde que a polícia disse ter abortado uma suposta emboscada na última segunda-feira, em São Bernardo, quando 13 criminosos morreram.
Se ocorrer, será o segundo protesto em menos de 48h no Estado. O Sindasp (Sindicato dos Agentes de Segurança Penitenciária) fez ontem uma greve de 24h. A entidade diz ter paralisado 41 delas; a SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) admite o movimento em 19 de 144 unidades.
Entre os serviços prejudicados estavam o atendimento aos advogados e a entrega de comida por familiares aos presos -o chamado jumbo. Nas unidades afetadas, apenas o atendimento médico de urgência e a alimentação fornecida pelo sistema penitenciário permaneceram. Os agentes do CDP Belém, por exemplo, reclamavam da proibição ao porte de arma.
A paralisação "branca" respingou na Justiça. Segundo o Tribunal de Justiça, 310 das 365 audiências criminais marcadas para ontem, o equivalente a 85% do total, ocorreram. Em condições normais, quase não há ausências, informou a assessoria de imprensa. "Tenho três clientes para encontrar e não consigo", disse o advogado Luiz Carlos dos Santos Lima, em frente ao CDP Belém. "Entendo a manifestação dos agentes, mas não tenho culpa."
Na unidade de Parelheiros (zona sul) de São Paulo, apenas seis dos 30 agentes escalados para trabalhar compareceram. "Não tem quase ninguém [funcionários]", disse um agente com cerca de 15 anos de serviço. Parelheiros suporta 765 detentos, mas abriga 1.348.
Com a paralisação, a SAP enviou a Parelheiros uma equipe do GIR (Grupo de Intervenção Rápida), unidade especial que geralmente atua em rebeliões, com agentes fortemente armados. Segundo a SAP, um túnel foi encontrado no local.


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