São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Combate é o único caminho, diz Cabral

Governador afirmou não haver solução para criminalidade no Rio sem enfrentamentos; operações continuarão, disse

Cabral ressalvou que preferia que não tivessem mortes no complexo do Alemão, mas as entende como uma "conseqüência" da situação

DA SUCURSAL DO RIO

Em seu primeiro pronunciamento público sobre a megaoperação policial de quarta-feira no complexo de favelas do Alemão (zona norte do Rio), o governador Sérgio Cabral Filho (PMDB) defendeu ontem os procedimentos da polícia -que matou 19 pessoas- e disse que não há como resolver o problema da criminalidade no Rio sem enfrentamentos.
"A sociedade quer o combate à criminalidade. Nós não temos outro caminho, não há outro caminho, que não seja apoiar as ações da polícia no combate à criminalidade. Se eu pudesse, se eu tivesse uma fórmula de ganhar essa guerra sem o enfrentamento da criminalidade... Mas não é o caso. Estamos lidando com bandidos fortemente armados, presentes em muitas comunidades."
Em entrevista após solenidade no Corpo de Bombeiros, ele disse: "Recebo as entidades, converso com elas, o que tiver de errado tem que ser consertado. Agora, as operações continuarão. Não tem acordo".

"Resultado agradou"
As entidades a que Cabral Filho referiu-se são aquelas como a OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e a Comissão de Direitos Humanos da Assembléia, que acusam a polícia de um massacre no Alemão. O governador discorda dessa avaliação. Ele afirmou ter apreciado o trabalho policial realizado. "O resultado agradou muito. Foi o resultado de uma operação competente." Questionado sobre as acusações de arbitrariedade supostamente praticadas pelos policiais, o governador falou que "não há ação sem estresse".
De acordo com o governador, não houve inocentes entre os mortos. Todos os que morreram estariam ligados à criminalidade local e teriam enfrentado os policiais. "As informações que me chegaram, que sim [eram todos criminosos]. Até prova em contrário, só morreram criminosos enfrentando a polícia. Uma ação como essa gera estresse. No momento em que estamos no estresse do combate, (...) isso é absolutamente compreensível."

Conseqüência
Cabral Filho ressalvou que preferia que não tivessem ocorrido mortes, mas as entende como conseqüência da situação. "É evidente que tudo o que gostaríamos era ganharmos essa guerra sem o derramamento de sangue, ganhar essa guerra sem necessitar ter vítimas fatais. Mas, no momento em que você tem uma criminalidade infelizmente muito militarizada, muito bem armada por força de razões históricas que não me cabe aqui avaliar, o que me cabe é fazer um trabalho para vencer essa luta", afirmou.
Na solenidade, o secretário de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, recebeu uma medalha do Corpo de Bombeiros. O governador fez questão de pregar a medalha no paletó do secretário e de abraçá-lo. Para Cabral Filho, o trabalho realizado por Beltrame é "muito sério, competente, sereno e firme". (ST)


Colaborou ANTÔNIO GOIS, da Sucursal do Rio


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