São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Para Viva Rio, matar não pode ser regra policial

DA SUCURSAL DO RIO

O Viva Rio defende que o Estado do Rio de Janeiro adote uma doutrina de "não-letalidade" nas ações de polícia. A medida seria um compromisso assumido pela Secretaria de Segurança Pública de diminuir os riscos de morte em operações policiais como a do complexo do Alemão, na última quarta. A coordenadora do programa de segurança humana da organização não-governamental, Ilona Szabó, diz que o governo não tem hoje uma doutrina a ser seguida. Szabó tem 29 anos e atua no Viva Rio há quatro. Ela coordenou pela ONG a entrega voluntária de armas na campanha do desarmamento. (RAPHAEL GOMIDE)

 

FOLHA - Operações como a do Alemão são necessárias?
ILONA SZABÓ -
O confronto hoje é inevitável. Como deixar de entrar nessas comunidades? Operações são necessárias, o Estado precisa retomar o território e garantir às comunidades uma vida normal, mas é preciso ter estratégias pós-confronto.

FOLHA - Há acusações de violações de direitos humanos. A polícia do Rio usou força excessiva nessa ação?
SZABÓ -
Temos de cobrar da secretaria e do governo que apurem denúncias de violações de direitos humanos. Se houve excessos, têm de ser apurados e combatidos. Dentro dessa situação, a doutrina deveria ser a da diminuição da letalidade. Tem-se mais tolerância com danos colaterais do que se deveria ter.

FOLHA - Como é possível implementar esse tipo de doutrina tendo em vista a resistência interna nas corporações policiais?
SZABÓ -
Há o momento único -em confronto- em que só o policial sabe que é matar ou morrer. Fora isso, tem de haver doutrina. E aí, só se o comando se impõe e penaliza quem desrespeita a doutrina e muda a cultura [...] para atrair mais gente com o conceito de polícia cidadã que de Polícia Militar.

FOLHA - Que outras medidas o Estado pode tomar para minimizar os efeitos colaterais?
SZABÓ -
Há uma situação de confronto prolongado no complexo do Alemão, e devem ser criadas alternativas emergenciais. Em guerra, há hospitais de campanha, mutirões, etc. Diferentemente do que tem dito o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, não se pode esperar: as escolas não podem ficar sem aulas indefinidamente. [...] Tem de haver os serviços básicos de saúde, educação, coleta de lixo.


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