São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Unicef faz alerta sobre ataques a estudantes

Escritório do fundo no Brasil citou confrontos no Alemão, no Rio, para lembrar que violência impede crianças de irem à escola

Cerca de 4.800 crianças estão sem aulas ou foram transferidas para uma única escola desde o dia 2 de maio, por conta dos conflitos

DA SUCURSAL DO RIO

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) fez ontem um alerta mundial no qual condenou ataques a estudantes e estabelecimentos de ensino em conflitos em diferentes partes do mundo.
O texto do alerta na página oficial do fundo não cita o caso brasileiro, mas o escritório do Unicef no Brasil, ao divulgá-lo, lembrou que a violência urbana está impedindo que meninos e meninas freqüentem escolas no país e deu como exemplo o caso do complexo do Alemão.
De acordo com o texto do informe divulgado no Brasil, no Alemão, "os conflitos entre a polícia e os traficantes de drogas deixaram, desde o dia 2 de maio, cerca de 4.800 crianças sem aula ou transferidas para uma única escola, onde milhares de estudantes dividem as salas em quatro turnos diários de apenas 2h15".
O texto do informe mundial cita casos recentes de crianças que morreram ou deixaram de ir à aula por causa de conflitos ocorridos no Afeganistão, na Faixa de Gaza, na República Centro-Africana, no Nepal, no Sri Lanka e no Iraque.

Ataques inaceitáveis
"Ataques às crianças são inaceitáveis", afirmou Ann M. Veneman, que ocupa o cargo de diretora-executiva do Unicef. "Elas têm o direito de aprender em um ambiente seguro a todo momento, mesmo nas mais difíceis circunstâncias."
O caso do Alemão foi lembrado também pela ONG (Organização Não-Governamental) internacional Human Rights Watch ontem. A entidade divulgou um informe cobrando do governo do Rio de Janeiro que investigue "de forma imediata, completa e imparcial as mortes de indivíduos desarmados relatadas durante confrontos" que ocorreram no complexo de favelas do Alemão. No total são 21 favelas com acessos em cinco bairros do Rio (Bonsucesso, Penha, Ramos, Olaria e Inhaúma).
Citando notícias publicadas na imprensa, a organização internacional pede que "quem quer que seja responsável por mortes em desacordo com a lei" seja levado a julgamento.
"Uma investigação completa dessas mortes [que ocorreram no complexo] é absolutamente fundamental para estabelecer a verdade e melhorar a confiança da população na polícia", afirmou José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da ONG. "O Estado deve assegurar investigações independentes que resultem em julgamentos de quem quer que tenha agido em desacordo com a lei."

Tranqüilidade
Três dias depois da operação policial que resultou na morte de 19 pessoas, a situação, ontem, foi de aparente tranqüilidade no Alemão. As escolas da região reabriram, mas a freqüência foi muito baixa.
Pelo menos duas delas, a Professor Affonso Várzea e a Professora Vera Saback, ambas no acesso ao morro da Fazendinha, em Inhaúma, não funcionaram por falta de alunos.
De acordo com informações da Secretaria da Educação, a freqüência ficou abaixo dos 5%.


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