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Unicef faz alerta sobre ataques a estudantes
Escritório do fundo no Brasil citou confrontos no Alemão, no Rio, para lembrar que violência impede crianças de irem à escola
Cerca de 4.800 crianças estão sem aulas ou foram transferidas para uma única escola desde o dia 2 de maio, por conta dos conflitos
DA SUCURSAL DO RIO
O Unicef (Fundo das Nações
Unidas para a Infância) fez ontem um alerta mundial no qual
condenou ataques a estudantes
e estabelecimentos de ensino
em conflitos em diferentes partes do mundo.
O texto do alerta na página
oficial do fundo não cita o caso
brasileiro, mas o escritório do
Unicef no Brasil, ao divulgá-lo,
lembrou que a violência urbana
está impedindo que meninos e
meninas freqüentem escolas
no país e deu como exemplo o
caso do complexo do Alemão.
De acordo com o texto do informe divulgado no Brasil, no
Alemão, "os conflitos entre a
polícia e os traficantes de drogas deixaram, desde o dia 2 de
maio, cerca de 4.800 crianças
sem aula ou transferidas para
uma única escola, onde milhares de estudantes dividem as
salas em quatro turnos diários
de apenas 2h15".
O texto do informe mundial
cita casos recentes de crianças
que morreram ou deixaram de
ir à aula por causa de conflitos
ocorridos no Afeganistão, na
Faixa de Gaza, na República
Centro-Africana, no Nepal, no
Sri Lanka e no Iraque.
Ataques inaceitáveis
"Ataques às crianças são inaceitáveis", afirmou Ann M. Veneman, que ocupa o cargo de
diretora-executiva do Unicef.
"Elas têm o direito de aprender
em um ambiente seguro a todo
momento, mesmo nas mais difíceis circunstâncias."
O caso do Alemão foi lembrado também pela ONG (Organização Não-Governamental) internacional Human Rights
Watch ontem. A entidade divulgou um informe cobrando
do governo do Rio de Janeiro
que investigue "de forma imediata, completa e imparcial as
mortes de indivíduos desarmados relatadas durante confrontos" que ocorreram no complexo de favelas do Alemão. No total são 21 favelas com acessos
em cinco bairros do Rio (Bonsucesso, Penha, Ramos, Olaria
e Inhaúma).
Citando notícias publicadas
na imprensa, a organização internacional pede que "quem
quer que seja responsável por
mortes em desacordo com a
lei" seja levado a julgamento.
"Uma investigação completa
dessas mortes [que ocorreram
no complexo] é absolutamente
fundamental para estabelecer a
verdade e melhorar a confiança
da população na polícia", afirmou José Miguel Vivanco, diretor da divisão das Américas da
ONG. "O Estado deve assegurar
investigações independentes
que resultem em julgamentos
de quem quer que tenha agido
em desacordo com a lei."
Tranqüilidade
Três dias depois da operação
policial que resultou na morte
de 19 pessoas, a situação, ontem, foi de aparente tranqüilidade no Alemão. As escolas da
região reabriram, mas a freqüência foi muito baixa.
Pelo menos duas delas, a Professor Affonso Várzea e a Professora Vera Saback, ambas no
acesso ao morro da Fazendinha, em Inhaúma, não funcionaram por falta de alunos.
De acordo com informações
da Secretaria da Educação, a
freqüência ficou abaixo dos 5%.
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