São Paulo, sábado, 30 de junho de 2007

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Governo quer mais laptops na rede pública em 2008

Efeito nas notas é desconhecido, mas professores vêem alunos mais motivados

Mesmo sem concluir teste em curso, governo quer ampliar uso do computador para 250 mil estudantes de todos os Estados do país

JOHANNA NUBLAT
MARIANA BENEVIDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O governo federal está se preparando para colocar computadores móveis (laptops) em escolas públicas de todos os Estados do país já no ano que vem.
Embora ainda não tenha resultados das cinco experiências iniciadas este ano, o UCA (Um Computador por Aluno) quer atingir de 150 mil a 250 mil alunos no começo de 2008.
O número deve ser definido nas próximas duas semanas.
Se a ampliação atingir o patamar de 250 mil estudantes, o governo entregará laptops a aproximadamente 0,5% dos 48,6 milhões de alunos matriculados na rede pública, segundo dados do Inep de 2006.

Novo comportamento
Como a experiência do projeto, até agora, abrangeu apenas cerca de 160 alunos e é muito recente, não há dados objetivos que comprovem que o programa melhora a aprendizagem.
O que o uso dos computadores já demostrou é que os alunos se interessam mais pelas aulas, atrasam e faltam menos.
Para a coordenadora do projeto em São Paulo, Roseli Lopes, mais do que notas, o que deve ser avaliado é se o aluno tem mais autonomia na busca de informações e se está desenvolvendo raciocínio, criatividade e senso crítico.
Dentre as escolas pioneiras, somente em São Paulo e Porto Alegre (RS) os alunos já trabalham com os computadores.
Em Palmas (TO), Brasília (DF) e Piraí (RJ), a estrutura das escolas ainda está sendo preparada e os professores, recebendo capacitação.
O impacto do uso dos laptops fora da escola também ainda não pôde ser avaliado. O projeto prevê que os alunos levem os computadores para casa, mas, até agora, o equipamento não sai da escola. A maior preocupação das escolas e dos pais é a falta de segurança.
Para David Cavallo, representante da One Laptop per Child -ONG que inspirou o projeto-, é fundamental que os computadores estejam sempre com os estudantes.
"Os turnos nas escolas brasileiras são curtos. Queremos aumentar a oportunidade de aprendizagem das crianças."

Ampliação
Apesar dos planos de ampliação, Carlos Bielschowsky, secretário de Educação a Distância do MEC, diz que a medida será "cautelosa e restrita", por não ter ocorrido a inclusão digital desejada e os alunos ainda não terem sido avaliados.
O secretário diz ter um "sentimento forte de que o UCA vale a pena", pelo interesse dos alunos que se pode observar.


JOHANNA NUBLAT e MARIANA BENEVIDES
participaram do 43º Programa de Treinamento em Jornalismo Diário da Folha, que foi patrocinado pela Philip Morris Brasil e pela Odebrecht

NA INTERNET - Leia sobre como são as aulas com os laptops e teste feito por alunos de escolas particulares http://www.folha.com.br/071806


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