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TRAGÉDIA EM CONGONHAS/GOVERNO
Jobim e Zuanazzi não falam sobre renúncia
Apesar de rumores da última semana, nem o ministro da Defesa nem o presidente da Anac tocaram no assunto em reunião ontem
Jobim pediu um encontro com os demais diretores da agência, nesta semana,
para discutir projetos
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro da Defesa, Nelson
Jobim, e o presidente da Anac
(Agência Nacional de Aviação
Civil), Milton Zuanazzi, reuniram-se ontem pela primeira
vez e discutiram questões de
trabalho. Nem o ministro pediu
a renúncia da diretoria da agência nem Zuanazzi tocou no assunto renúncia coletiva, segundo a Folha apurou.
Ao contrário, Jobim pediu a
Zuanazzi que organizasse um
encontro dele com os demais
diretores da agência, ainda nesta semana, para que ele se apresente e se informe sobre projetos e planos futuros.
Hoje, Jobim tem conversa
marcada com o presidente da
Infraero (a estatal responsável
pelos aeroportos), brigadeiro
José Carlos Pereira, depois de
presidir a segunda a reunião do
Conac (Conselho Nacional de
Aviação Civil) em um mês.
O ministro quer recomeçar o
setor praticamente do zero,
com troca de comando dos cargos mais estratégicos. Entretanto os dirigentes da Anac
têm mandato de cinco anos, e o
brigadeiro gostaria de ficar na
Infraero. A permanência ou
não deles nos cargos está sendo
decidida entre ontem e hoje.
Zuanazzi chegou por volta
das 18h ao apartamento de Jobim, em Brasília. O ministro
Mangabeira Unger (Secretaria
de Planejamento de Longo
Prazo) também conversou com
Jobim na hora do almoço. Segundo assessores de Jobim, ele
passou o dia estudando a legislação do Ministério da Defesa,
da Anac e da Infraero.
A reunião do Conac será no
Ministério da Defesa, não mais
no Palácio do Planalto, como a
anterior, para marcar duas posições no governo: a de que Jobim é quem comanda o setor e
a de que esse órgão estará acima da Anac, a quem cabe apenas cumprir suas diretrizes.
A Infraero apresentará um
plano para que os aeroportos
de Cumbica (Guarulhos) e de
Viracopos (Campinas) absorvam em torno de 5,5 milhões
de passageiros que serão retirados por ano de Congonhas.
Além da viabilidade do novo
aeroporto, a intenção é bater o
martelo a favor de obras para
ligar Guarulhos ao centro paulistano por trem, em parceria
com o governo paulista.
A pauta prevê, ainda, que o
diretor-geral do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo), brigadeiro Ramon
Borges Cardoso, apresente três
alternativas para transferir em
torno de 30% dos vôos de Congonhas para os dois outros
principais aeroportos do Estado. Elas envolvem ampliação
de pistas e de pátios de estacionamento de aeronaves.
A Anac vem estudando a legislação de multas que podem
ser aplicadas às companhias
em caso de atrasos, cancelamentos, overbooking e falta de
assistência aos passageiros.
A proposta para aumentar as
multas foi feita na última reunião do Conac pela ministra do
Turismo, Marta Suplicy, e foi
rapidamente encampada pelos
ministros da Fazenda, Guido
Mantega, e da Casa Civil, Dilma
Rousseff. Para isso, porém, é
preciso mudar a lei. Os valores
das multas variam conforme a
infração, mas a maioria das
aplicadas neste ano foi de R$
1.000 a R$ 2.000.
Dados da Anac encaminhados à CPI do Apagão Aéreo revelam que, desde sua criação,
em 2006, a agência recebeu das
empresas apenas R$ 89,8 mil
de multas cobradas. Neste ano,
a Anac aplicou 115 multas, no
total de R$ 133 mil, por atrasos,
cancelamentos de vôos, mau
atendimento, extravio de bagagens ou overbooking. Mas só
recebeu R$ 3.550 (2,66%).
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