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IMPRENSA
Laudos da perícia derrubam provas que os advogados da família de Sandra Gomide pretendiam usar contra Pimenta Neves
E-mails e gravações não contêm ameaças
DA REPORTAGEM LOCAL
Os laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo irão
mostrar que os e-mails e as fitas
cassetes apreendidas na casa da
jornalista Sandra Florentino Gomide, assassinada a tiros pelo ex-namorado e jornalista Antônio
Marcos Pimenta Neves, não contêm ameaças de morte.
Os advogados da família da vítima queriam usar esse material
mais o depoimento da única testemunha do crime (o caseiro do
haras onde a morte ocorreu) no
conjunto de provas contra Pimenta Neves, ex-diretor de Redação do jornal ""O Estado de S.Paulo". A intenção seria mostrar que
ela vinha sendo perseguida pelo
ex-namorado.
A varredura feita sexta-feira
passada no apartamento de Sandra, em São Paulo, também não
localizou vestígios de que o telefone dela tivesse sido grampeado
por ele, conforme a própria jornalista suspeitava em e-mail enviado a uma amiga. ""Isso não quer
dizer que o telefone não esteve
grampeado", afirmou o diretor
do IC, Valdir Santoro.
Esses três laudos, mais o de confronto balístico -se a arma entregue por ele é a mesma do crime- e a íntegra do depoimento
de Pimenta Neves gravado em fita
cassete, serão enviados amanhã
para o DHPP (Departamento de
Homicídios e de Proteção à Pessoa) e para a Justiça.
Ontem, o IC concluiu o relatório de perícia sobre o local do crime, feito no dia do assassinato.
O laudo mostra que os dois tiros
que atingiram Sandra foram disparados a mais de 35 centímetros
de distância. Isso porque, segundo o documento, não havia vestígio de pólvora no corpo da vítima.
O caseiro João Quinto de Souza
disse à polícia que o primeiro tiro
de Pimenta Neves foi dado a dois
metros de Sandra, quando ela já
estava de costas para ele tentando
correr (leia texto ao lado).
O segundo disparo, mais próximo, atingiu a cabeça dela, mas o
laudo não confirma se ela já estava caída. ""Isso pode ser explicado
com uma reconstituição, se a Promotoria julgar necessária", disse
Santoro. Souza afirmou que ela já
estava caída de bruços no chão.
O advogado Márcio Thomaz
Bastos, que representa a família
de Sandra, não quis comentar a
avaliação dos peritos. Disse apenas que os xingamentos já serviriam para comprovar a agressividade de Pimenta Neves.
A trajetória da crise entre o jornalista e sua ex-namorada pode
ser reconstituída por partes dos
cerca de 30 e-mails que estavam
no computador que a polícia
apreendeu no apartamento dela.
""Há uma mensagem em que ele
propõe uma reconciliação, outra
em que revela inconformidade
com o término da relação e mais
uma em que ficam demonstradas
a revolta e a agressividade, ao se
dirigir a ela com palavras de baixo
calão", afirmou Santoro. O IC não
divulgou as íntegras.
Segundo peritos, Sandra se correspondeu com amigos e com o
próprio Pimenta Neves, sem
mostrar a mesma agressividade
que ele. Também foram identificadas mensagens para outro homem, que, segundo a polícia, denotariam um início de namoro.
A jornalista morta havia se separado um mês antes do ex-chefe
e estaria se envolvendo em outra
relação, ainda não confirmada.
Das quatro minifitas cassetes recolhidas na casa dela, de acordo
com o IC, três eram usadas no
dia-a-dia da jornalista e registram
apenas entrevistas de trabalho. A
última fita, no entanto, é a da secretária eletrônica da casa de Sandra, mas não foram encontradas
mensagens relacionadas com o
romance entre os dois.
Bastos e o advogado Luiz Flávio
Gomes, que representam a família da vítima, pediram ao Ministério Público Estadual que a polícia
levante informações sobre o comportamento de Pimenta Neves
em casa e no trabalho, além da
possibilidade de ele já ter condenação fora do país.
Está marcada para hoje, às 11h,
uma reunião entre os advogados
da família Gomide e a promotora
Lúcia Nunes Bromerchenkel para
discutir a estratégia de acusação.
O defensor de Pimenta Neves,
Antonio Claudio Mariz de Oliveira, não foi encontrado ontem até
o fechamento desta edição para
comentar os laudos.
Mariz de Oliveira disse anteontem que irá recorrer da decretação da prisão preventiva e que
pretende alegar crime passional
na defesa de seu cliente.
Ontem à noite, o jornalista seria
examinado por psiquiatras do
Imesc (Instituto de Medicina Social e Criminológica do Estado de
São paulo), na clínica onde onde
ele está internado após tentativa
de suicídio, para saber se é necessário manter a internação ou se
ele já pode ser transferido para
uma das celas da cadeia do DHPP.
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