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SAÚDE
Pais de menino de 3 anos afirmam que cirurgião queria receber "por fora", apesar de plano cobrir os custos do procedimento
Médicos são denunciados por omissão
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
Familiares do menino Nathan
Barbosa Oliveira, 3, denunciaram
por omissão cirurgiões da clínica
Albert Sabin, em Niterói (a 14 km
do Rio). O diretor da clínica,
Moacyr Magalhães Campos, confirmou a denúncia.
Segundo os pais do menino,
mesmo com o plano de saúde cobrindo os gastos, os médicos se
negaram a fazer uma cirurgia de
gastrostomia para permitir que
Nathan se alimentasse. Eles teriam exigido "receber pagamento
por fora", por considerarem baixos os valores pagos pela empresa
de seguro-saúde.
Nathan sofre de hidrocefalia
-excesso de água no cérebro-e,
após contrair encefalite há três
meses, acabou perdendo gradativamente a capacidade de mastigação, além de sofrer perda parcial de visão e audição.
"Acho que foi falta de ética médica. Eles alegaram que não fariam a cirurgia porque não receberiam pela tabela do plano", disse a mãe de Nathan, Rose Barbosa
Oliveira.
"Os médicos alegaram que o pagamento pela tabela da Golden
Cross é 20% menor do que o praticado pela Associação Médica
Brasileira. Por isso se negaram a
operar o paciente, que foi transferido", disse Moacyr Magalhães
Campos, o diretor da clínica.
Segundo a família de Nathan,
após a recusa do primeiro cirurgião em realizar a operação, um
outro médico teria se prontificado a fazê-la, mas desistiu ontem,
dia da cirurgia, alegando "que estava sofrendo pressões dos colegas para não fazer o trabalho".
Campos disse que vai criar uma
comissão de ética para investigar
o caso e que os dois médicos devem ser desligados da clínica.
A Golden Cross, o plano de saúde que atende Nathan, confirmou
à Folha que a empresa já havia autorizado a cirurgia e até o atendimento domiciliar pós-operatório
ao paciente.
A empresa disse que tem tabela
de honorários própria e que os valores praticados estão no mesmo
patamar das operadoras do mercado.
Após 46 dias de internação em
duas clínicas, Nathan foi transferido ontem para uma terceira clínica, em Botafogo ( zona sul do
Rio), onde o diretor da clínica Albert Sabin disse que o menino será operado.
A diretora do Cremerj (Conselho Regional de Medicina do Rio
de Janeiro), Márcia Rosa Araújo,
disse que vai se manifestar sobre o
caso apenas após a formalização
da queixa da família.
No entanto, ela revelou que a
entidade recebe cerca de 200 queixas por mês ligadas a atendimentos em planos de saúde.
"A maioria dos casos termina
em sindicância e 25% das queixas
evoluem para processos éticos. É
preciso que os planos de saúde,
médicos e hospitais façam a distinção entre cirurgias eletivas e casos de urgência, cuja recusa é grave erro de ética médica", afirmou
Márcia.
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