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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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AMBIENTE

Crescimento da frota de motos é uma das causas do aumento da emissão de monóxido de carbono na cidade

Poluição por CO volta a registrar aumento em SP

Jorge Araújo/Folha Imagem
Fumaça preta expelida por caminhões que trafegam na marginal Tietê, uma das vias mais movimentadas e poluídas de São Paulo


MARIANA VIVEIROS
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de quase uma década de queda, as emissões de monóxido de carbono (CO) no ar da região metropolitana de São Paulo estão voltando a crescer e a preocupar as autoridades ambientais.
O gás, produzido pela queima incompleta de combustíveis, é um dos mais prejudiciais à saúde. Pode causar desde tonturas até alterações no sistema nervoso central, se em altas concentrações.
Entre seus efeitos estão prejuízo dos reflexos, da capacidade de estimar intervalos de tempo, no aprendizado e no trabalho.
Estudos do Laboratório de Poluição Atmosférica Experimental da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) comprovaram a relação entre o excesso de CO no ar, o aumento de admissões hospitalares por problemas cardiovasculares e uma maior mortalidade fetal.
Três fatores são apontados como responsáveis pelo ressurgimento do fantasma do monóxido de carbono: o aumento do número de motos na região metropolitana, o atraso na implantação do Programa de Inspeção Veicular (PIV) e o fato de a substituição da frota antiga estar no seu limite.
Em 2002, a concentração do poluente ultrapassou o limite permitido pela legislação (nove partes de CO por um milhão de partes de ar) em 16 dias. Em 2001, foram 13 ultrapassagens e, em 2000, a concentração esteve acima do limite em 12 dias. O padrão é desrespeitado principalmente no inverno.
Depois de ficar por três anos estável, o total de CO jogado na atmosfera iniciou uma curva ascendente e já chega próximo ao registrado em 1998, quando a frota circulante na Grande São Paulo produziu 75 gramas de monóxido por quilômetro rodado -desde 99, a quantidade era de 60 g/km.
Os dados constam do "Relatório de Qualidade do Ar no Estado de São Paulo - 2002", lançado oficialmente ontem pela Cetesb (agência ambiental estadual).
A inversão da tendência de queda traz à tona um dilema: não há muito mais o que fazer a não ser tirar veículos das ruas.
A vitória expressiva contra o poluente, na última metade da década de 90, se deveu quase exclusivamente à renovação da frota de veículos. Os carros produzidos até os anos 80 emitiam 33 gramas de monóxido de carbono por quilômetro rodado. Em 99, esse índice já era de 0,74 g/km e chegou, no ano passado, a 0,4 g/km.
Só que essa substituição está quase encerrada, avalia a Cetesb. Em seu lugar, a combinação de três fatores ressuscita o problema.
O mais visível é o crescimento de 70% no número de motocicletas nas ruas da Grande São Paulo, que passou de 374 mil em julho de 1997 para 634,3 mil no mês passado. São 50 mil a mais por ano.
Individualmente, uma moto emite pelo menos 31 vezes mais CO do que um carro. Se estiver seguindo os padrões exigidos pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente), ela produz 13 gramas do poluente por quilômetro percorrido. Mas muitas devem estar poluindo ainda mais.
Para tentar controlar isso, foi lançado neste ano o Promot (Programa de Controle da Poluição do Ar por Motociclos e Veículos Similares), que tem metas de redução das emissões baseadas nas diretivas adotadas pela União Européia. Os resultados devem começar a ser sentidos em 2005.


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