|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
AMBIENTE
Sugestão é reduzir concentração de olefinas
Cetesb quer mudar gasolina para combater ozônio
DA REPORTAGEM LOCAL
O monóxido de carbono não é o
único vilão da qualidade do ar na
Grande São Paulo. O ozônio atmosférico (O3) é hoje o poluente
que mais ultrapassa os limites legais na região e, contra ele, as armas são menos conhecidas.
Uma alternativa que deu certo
em algumas cidades dos Estados
Unidos e pode ser adotada no
Brasil é a redução da concentração de olefinas na gasolina -uma
proposta que a Cetesb deve encaminhar à ANP (Agência Nacional
do Petróleo) até o próximo mês.
As olefinas são substâncias presentes no combustível e cuja queima incompleta lança no ar compostos orgânicos voláteis que, por
sua vez, contribuem na formação
do ozônio. Hoje, a gasolina tem
30% de olefinas; a sugestão da Cetesb é que o limite máximo passe a
ser 20% em 2004 e 10% em 2007.
Dessa forma, os técnicos da
agência paulista estimam que seria possível inibir a formação do
O3. Ele é produzido por uma reação entre o oxigênio da atmosfera
e os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos que saem dos
tubos de escapamento dos veículos na presença de luz solar intensa. O poluente está relacionado ao
agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite e
até a mutações genéticas e câncer.
É também um dos poucos que
danificam a vegetação. Nos EUA,
a estimativa é que a poluição por
ozônio cause um prejuízo de US$
3 bilhões por ano às colheitas.
Apesar de ser um poluente eminentemente urbano, ele chega a
áreas rurais próximas às grandes
cidades porque, enquanto se forma, o que pode demorar horas, é
carregado pelas correntes de ar.
No ano passado, o O3 ultrapassou o padrão de qualidade do ar
recomendado pelo Conama (160
microgramas por mil litros de ar)
em um a cada cinco dias na Grande São Paulo -um índice que só
vem aumentando desde 1999.
Por causa de altas concentrações, o nível de atenção foi ultrapassado 71 vezes -o que significa
que a qualidade do ar ficou ruim.
"O ozônio é um problema em
todas as grandes cidades do mundo e do Brasil também, mas parece que é um problema só de São
Paulo porque apenas nós medimos isso", sustenta o presidente
da Cetesb, Rubens Lara.
"Mas a verdade é que o Estado
tem metade da frota do país, e a
capital, metade da frota do Estado. Portanto, se nós não nos preocuparmos com o problema e procurarmos uma solução para ele,
quem vai fazê-lo?", questiona.
Um possível obstáculo à mudança na formulação da gasolina
pode ser o aumento do custo que
ela envolve -sobre o qual a Cetesb diz não ter estimativas. Uma
opção seria alterar a fórmula só
para a gasolina vendida nos grandes centros, assim como ocorreu
com o diesel.
(MARIANA VIVEIROS)
Texto Anterior: Ambiente: Poluição por CO volta a registrar aumento em SP Próximo Texto: Letras jurídicas: Mais tempo de vida não basta ao idoso Índice
|