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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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AMBIENTE

Sugestão é reduzir concentração de olefinas

Cetesb quer mudar gasolina para combater ozônio

DA REPORTAGEM LOCAL

O monóxido de carbono não é o único vilão da qualidade do ar na Grande São Paulo. O ozônio atmosférico (O3) é hoje o poluente que mais ultrapassa os limites legais na região e, contra ele, as armas são menos conhecidas.
Uma alternativa que deu certo em algumas cidades dos Estados Unidos e pode ser adotada no Brasil é a redução da concentração de olefinas na gasolina -uma proposta que a Cetesb deve encaminhar à ANP (Agência Nacional do Petróleo) até o próximo mês.
As olefinas são substâncias presentes no combustível e cuja queima incompleta lança no ar compostos orgânicos voláteis que, por sua vez, contribuem na formação do ozônio. Hoje, a gasolina tem 30% de olefinas; a sugestão da Cetesb é que o limite máximo passe a ser 20% em 2004 e 10% em 2007.
Dessa forma, os técnicos da agência paulista estimam que seria possível inibir a formação do O3. Ele é produzido por uma reação entre o oxigênio da atmosfera e os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos que saem dos tubos de escapamento dos veículos na presença de luz solar intensa. O poluente está relacionado ao agravamento de doenças respiratórias, como asma e bronquite e até a mutações genéticas e câncer.
É também um dos poucos que danificam a vegetação. Nos EUA, a estimativa é que a poluição por ozônio cause um prejuízo de US$ 3 bilhões por ano às colheitas. Apesar de ser um poluente eminentemente urbano, ele chega a áreas rurais próximas às grandes cidades porque, enquanto se forma, o que pode demorar horas, é carregado pelas correntes de ar.
No ano passado, o O3 ultrapassou o padrão de qualidade do ar recomendado pelo Conama (160 microgramas por mil litros de ar) em um a cada cinco dias na Grande São Paulo -um índice que só vem aumentando desde 1999.
Por causa de altas concentrações, o nível de atenção foi ultrapassado 71 vezes -o que significa que a qualidade do ar ficou ruim.
"O ozônio é um problema em todas as grandes cidades do mundo e do Brasil também, mas parece que é um problema só de São Paulo porque apenas nós medimos isso", sustenta o presidente da Cetesb, Rubens Lara.
"Mas a verdade é que o Estado tem metade da frota do país, e a capital, metade da frota do Estado. Portanto, se nós não nos preocuparmos com o problema e procurarmos uma solução para ele, quem vai fazê-lo?", questiona.
Um possível obstáculo à mudança na formulação da gasolina pode ser o aumento do custo que ela envolve -sobre o qual a Cetesb diz não ter estimativas. Uma opção seria alterar a fórmula só para a gasolina vendida nos grandes centros, assim como ocorreu com o diesel. (MARIANA VIVEIROS)


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