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São Paulo, sábado, 30 de agosto de 2003

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SAÚDE

Médico diz que "corda arrebentou do lado mais fraco"

Secretário alega má administração e exonera diretor do Emílio Ribas

DA REPORTAGEM LOCAL

Quatro dias após a denúncia de falta de remédios e equipamentos no Hospital Emílio Ribas, principal centro de infectologia do país, o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Barata, exonerou o diretor do hospital, Vasco Carvalho Pedroso de Lima.
O secretário atribuiu os problemas a uma má gestão administrativa. "Não falta verba para o Emílio Ribas, o que faltou foi cuidado na hora de utilizar os recursos repassados. Um problema pontual que vamos agora corrigir."
O novo diretor, escolhido pelo secretário, será o médico Sebastião André de Felice, que dirigiu a instituição na década de 70. Felice atualmente é professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
A intervenção, porém, não foi bem recebida pelos médicos e funcionários do hospital, responsáveis pela divulgação das deficiências pelas quais passa o local. Carlos Frederico Dantas Anjos, presidente da Associação dos Médicos, considerou a troca uma atitude "autoritária". "Pegaram o diretor como bode expiatório da situação e agora vão colocar uma pessoa de fora do hospital."
Dantas Anjos disse que a associação vai tentar se encontrar com o secretário para pedir a nomeação de alguém do Emílio Ribas.
Os médicos mostraram a falta de respiradouros, oxímetros, aparelhos que medem a saturação do oxigênio no sangue e broncoscópios, que ajudam a identificar o agente da tuberculose.
O ex-diretor nega as acusações do secretário e justifica sua demissão dizendo que "a corda sempre arrebenta do lado mais fraco". O médico Vasco Carvalho Pedroso de Lima, que ocupava o cargo desde 2000, conta que tentou durante oito meses agendar uma reunião com o secretário, mas não conseguiu ser recebido.
Ele disse que, apesar das dificuldades, conseguiu comprar alguns aparelhos para o hospital, como um novo tomógrafo.
Barradas Barata diz que, há dois meses, o secretário-adjunto da Saúde recebeu o relatório do ex-diretor e encaminhou para ser analisado pela secretaria.
Funcionários e médicos do hospital também apontam a falta de comunicação com a secretaria como um problema. A assessoria de imprensa da secretaria diz que a pasta tem um programa de recuperação para o hospital.
(SIMONE IWASSO)


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