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SAÚDE
Médico diz que "corda arrebentou do lado mais fraco"
Secretário alega má administração e exonera diretor do Emílio Ribas
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro dias após a denúncia de
falta de remédios e equipamentos
no Hospital Emílio Ribas, principal centro de infectologia do país,
o secretário de Estado da Saúde,
Luiz Roberto Barradas Barata,
exonerou o diretor do hospital,
Vasco Carvalho Pedroso de Lima.
O secretário atribuiu os problemas a uma má gestão administrativa. "Não falta verba para o Emílio Ribas, o que faltou foi cuidado
na hora de utilizar os recursos repassados. Um problema pontual
que vamos agora corrigir."
O novo diretor, escolhido pelo
secretário, será o médico Sebastião André de Felice, que dirigiu a
instituição na década de 70. Felice
atualmente é professor da Faculdade de Saúde Pública da USP.
A intervenção, porém, não foi
bem recebida pelos médicos e
funcionários do hospital, responsáveis pela divulgação das deficiências pelas quais passa o local.
Carlos Frederico Dantas Anjos,
presidente da Associação dos Médicos, considerou a troca uma atitude "autoritária". "Pegaram o diretor como bode expiatório da situação e agora vão colocar uma
pessoa de fora do hospital."
Dantas Anjos disse que a associação vai tentar se encontrar com
o secretário para pedir a nomeação de alguém do Emílio Ribas.
Os médicos mostraram a falta
de respiradouros, oxímetros, aparelhos que medem a saturação do
oxigênio no sangue e broncoscópios, que ajudam a identificar o
agente da tuberculose.
O ex-diretor nega as acusações
do secretário e justifica sua demissão dizendo que "a corda sempre
arrebenta do lado mais fraco". O
médico Vasco Carvalho Pedroso
de Lima, que ocupava o cargo
desde 2000, conta que tentou durante oito meses agendar uma
reunião com o secretário, mas
não conseguiu ser recebido.
Ele disse que, apesar das dificuldades, conseguiu comprar alguns
aparelhos para o hospital, como
um novo tomógrafo.
Barradas Barata diz que, há dois
meses, o secretário-adjunto da
Saúde recebeu o relatório do ex-diretor e encaminhou para ser
analisado pela secretaria.
Funcionários e médicos do hospital também apontam a falta de
comunicação com a secretaria como um problema. A assessoria de
imprensa da secretaria diz que a
pasta tem um programa de recuperação para o hospital.
(SIMONE IWASSO)
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