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ADMINISTRAÇÃO
Grupo foi contratado sem licitação para implantar projeto de orientação sexual em escolas; secretaria nega favorecimento
Prefeitura contrata ONG ligada a Marta
CHICO DE GOIS
DA REPORTAGEM LOCAL
A Prefeitura de São Paulo contratou sem licitação, por intermédio da Secretaria Municipal da
Educação, a ONG (Organização
Não-Governamental) GTPOS -
Grupo de Trabalho e Pesquisa em
Orientação Sexual, da qual a prefeita Marta Suplicy (PT) foi uma
de suas fundadoras, além de coordenadora técnica. Ela desligou-se
da entidade em 1994, tornando-se
sua presidente de honra.
A contratação aconteceu em 14
de março deste ano. De acordo
com a publicação no "Diário Oficial" do município, o objeto do
contrato é "implantar projeto de
orientação sexual na rede municipal". Pelo trabalho, com duração
de um ano, a ONG receberia R$
796 mil, ainda conforme publicado no "Diário Oficial".
A assessoria de imprensa da
prefeitura, porém, informou que
o valor do contrato foi de R$ 1,623
milhão, por dois anos de serviço, e
que o valor publicado refere-se só
ao montante que deverá ser gasto
neste ano. Até o dia 15 de agosto,
segundo levantamento realizado
pelo gabinete do vereador Roberto Trípoli (PSDB), a prefeitura já
pagou R$ 462 mil à ONG.
No dia 1º de agosto, houve um
aditamento. De acordo com o
"Diário Oficial", a secretaria alterou o objeto "a fim de incluir a
prestação de serviço para as creches, denominadas CEIs (Centros
de Educação Integrados). O valor
do contrato também foi modificado neste dia, totalizando R$ 2,029
milhões.
Trípoli questionou os valores
apresentados pela secretaria. "O
que vale é o que foi publicado no
"Diário Oficial" e, portanto, o aditamento feito pela prefeitura, que
chega a 155%, é ilegal." Para o vereador, "a prefeita conseguiu, de
uma só vez, aniquilar os princípios da administração pública,
entre eles o da moralidade, da impessoalidade e da legalidade".
A secretária municipal da Educação, Maria Aparecida Perez, reconheceu que houve um erro na
publicação e disse que irá corrigir
a informação no "Diário Oficial".
A secretária também afirmou
que a contratação do GTPOS se
deu porque a entidade "é de reconhecida competência" no segmento em que atua e que não
houve nenhuma influência da
prefeita na escolha.
Segundo a secretária, Marta não
é mais presidente de honra do
GTPOS, embora o diretor técnico
da entidade, Antonio Carlos
Egypto, tenha confirmado que a
prefeita tem esse cargo simbólico.
"Foi uma homenagem que lhe fizemos por causa de seu trabalho
profissional. Nosso vínculo com a
Marta não tem nada a ver com
questões políticas."
Trabalho
A ONG foi fundada em 1987 por
psicólogos, pedagogos e psicanalistas interessados no estudo das
questões da sexualidade. Entre os
trabalhos desenvolvidos pela entidade estão a implantação de
orientação sexual nas escolas, assessoria a educadores na abordagem sistemática do tema com os
alunos de educação infantil, ensino fundamental e médio. O
GTPOS atua nas redes particular e
pública de São Paulo, Porto Alegre, Recife, Belo Horizonte, Goiânia, Florianópolis, Campo Grande e Santos.
De acordo com a assessoria de
imprensa da Secretaria Municipal
da Educação de São Paulo, a ONG
irá trabalhar na formação profissional e de supervisão de atividades em 890 Emeis e Emef. Serão
ministrados 68 cursos, 42 dos
quais na primeira etapa.
Egypto disse que o GTPOS realizou trabalho semelhante ao contratado pela atual administração
durante o governo da ex-prefeita
Luiza Erundina (1989-92). Nas
gestões de Paulo Maluf (1993-96)
e Celso Pitta (1997-2000) não houve continuidade do contrato.
De acordo com Egypto, quando
Marta assumiu a prefeitura, em
2001, a ONG apresentou um projeto para retomar o trabalho, mas
somente em março deste ano é
que houve a contratação.
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