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TRAGÉDIA EM GUARULHOS
Entre os mortos estão uma estudante de 14 anos e amigos que saíam juntos para "baladas"
Tio de vítima foi convidado para cantar
DA REPORTAGEM LOCAL
O cantor sertanejo Jeremias
Francisco de Souza, 38, recebeu
um convite por telefone às 16h de
anteontem para tocar três músicas na festa Ladies First, ao lado
do parceiro Roberto Gomes
Amorim, 41. O cachê da dupla, de
R$ 500, foi acertado por Jeremias.
Mas ele cancelou a apresentação
por não ter localizado seu amigo.
Na madrugada de ontem, a dupla recebeu novos telefonemas. A
sobrinha de Roberto, Cintya de
Almeida Santos, 19, havia morrido no prédio onde eles iriam cantar. "Não estávamos lá, mas também nos incluímos entre os sobreviventes", afirmou Jeremias.
Ela se formaria neste ano no
magistério e estava na festa com
duas amigas. Ângela Maria Amorim, tia de Cintya, diz que elas estavam em cima e sentiram a construção balançar. Desceram e, próximas da saída, foram atingidas.
"Elas não conseguiram correr
porque havia fila e a porta era estreita", afirma Amorim. As duas
amigas sobreviveram.
Entre os seis mortos da festa,
havia ainda a estudante Daniele
Rodrigues Pereira, 14, e três amigos que costumavam ir a "baladas" juntos: Nathalia Mendes
Fortuna, 20, aluna do terceiro ano
do curso de administração, Luana
Cristina Peres, 23, que havia acabado de passar no vestibular, e
Carlos Ailton Belusci da Conceição, 25, assistente administrativo
que trabalhava em um banco.
A irmã de Nathalia, Angélica,
17, também se feriu, foi operada
no abdome e estava estável. O
funcionário público Gilberto Fortuna, 47, pai delas, prometia processar os responsáveis. "Podia ter
perdido toda a minha vida, mas
perdi só a metade", afirmou. "Vi
minha filha morta embaixo da laje", disse ele, que foi ao lugar após
ser avisado por amigas das filhas.
O corretor de seguros Wanderlei Jimenez, 27, conta que eles estavam num grupo de 30 pessoas
-mais de metade delas no andar
debaixo na hora do desabamento.
Ele saiu para pegar uma cerveja
do lado de fora e, quando voltava,
deparou com os escombros. Enquanto procurava a namorada
-"soube depois que ela tinha sido levada ao hospital"-, viu um
jovem preso por uma coluna. "Estava escuro, ele não conseguia ver
nada. Deixei meu celular com ele,
porque tem uma luz, e pensei que
ele poderia se despedir de alguém", afirmou Jimenez, que
soube ontem que esse jovem estava no Beneficência Portuguesa.
O sexto morto, Valmir Teles da
Silva Araújo, 19, começaria nesta
semana a trabalhar como auxiliar
de serviços gerais numa empresa
de panetones.
Colaborou o "Agora"
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