São Paulo, segunda-feira, 30 de agosto de 2004

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SOBREVIVENTES

Sem saída, multidão arrebentou os vidros

Convidados saltaram de janela de 4 metros

DA REPORTAGEM LOCAL

"Três ambientes. Lounge. Três bares. Camarote. Sky walkers. Telão. Laser show." Foi essa a promessa, estampada no convite, que atraiu cerca de mil pessoas à festa "Ladies First".
O prédio estava lotado. O tecno rolava alto. E muitos não ouviram quando o piso do mezanino começou a estalar.
"O chão começou a tremer. Meu amigo disse: "Isso vai ruir". Andamos para o canto e desabou. Pulei de lá daquele quadrado", diz o estudante João Steward, 16, apontando para a janela do mezanino, a cerca de quatro metros do chão.
Não foi o único. Segundo os relatos dos sobreviventes, muitos se penduraram nas janelas, pois a única porta que ligava as pistas de dança à saída tinha cerca de um metro de largura.
"Não tinha por onde correr", disse a esteticista Tatiane, 23, que dançava no andar de cima e caiu. "Não morri porque minha queda foi amortecida pelos corpos de outras pessoas", afirmou, muito arranhada.
Alguns sobreviventes, chocados, se aglomeravam ontem à tarde diante do prédio interditado. Somavam-se a convidados que ficaram de fora por causa da fila e da lotação.
"Cheguei à 0h30, mas desisti porque a fila era enorme", disse a administradora Elaine Aparecida Nunes, 22, com o convite nas mãos. A fila de mulheres se estendeu por cerca de 200 metros antes das 22h. A de homens, antes da 0h, dobrou a rua Siqueira Campos e se alongou por trás da casa de esquina.
"O chão balançava muito. Aí, desci. De repente caiu tudo. As pessoas corriam, ensanguentadas", disse Isaac Teski, 19. Muitos dos feridos estavam sem documentos pois as bolsas ficaram presas na chapelaria. (SC)


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