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SOBREVIVENTES
Sem saída, multidão arrebentou os vidros
Convidados saltaram de janela de 4 metros
DA REPORTAGEM LOCAL
"Três ambientes. Lounge.
Três bares. Camarote. Sky walkers. Telão. Laser show." Foi
essa a promessa, estampada no
convite, que atraiu cerca de mil
pessoas à festa "Ladies First".
O prédio estava lotado. O tecno rolava alto. E muitos não
ouviram quando o piso do mezanino começou a estalar.
"O chão começou a tremer.
Meu amigo disse: "Isso vai ruir".
Andamos para o canto e desabou. Pulei de lá daquele quadrado", diz o estudante João
Steward, 16, apontando para a
janela do mezanino, a cerca de
quatro metros do chão.
Não foi o único. Segundo os
relatos dos sobreviventes, muitos se penduraram nas janelas,
pois a única porta que ligava as
pistas de dança à saída tinha
cerca de um metro de largura.
"Não tinha por onde correr",
disse a esteticista Tatiane, 23,
que dançava no andar de cima
e caiu. "Não morri porque minha queda foi amortecida pelos
corpos de outras pessoas", afirmou, muito arranhada.
Alguns sobreviventes, chocados, se aglomeravam ontem à
tarde diante do prédio interditado. Somavam-se a convidados que ficaram de fora por
causa da fila e da lotação.
"Cheguei à 0h30, mas desisti
porque a fila era enorme", disse
a administradora Elaine Aparecida Nunes, 22, com o convite nas mãos. A fila de mulheres
se estendeu por cerca de 200
metros antes das 22h. A de homens, antes da 0h, dobrou a
rua Siqueira Campos e se alongou por trás da casa de esquina.
"O chão balançava muito. Aí,
desci. De repente caiu tudo. As
pessoas corriam, ensanguentadas", disse Isaac Teski, 19. Muitos dos feridos estavam sem
documentos pois as bolsas ficaram presas na chapelaria.
(SC)
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