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Metrô valoriza imóveis, mas vizinhos reclamam
Proprietários temem efeitos colaterais, como aumento da violência e camelôs
Para Secovi-SP, problemas são limitados à área mais próxima das estações e não costumam pesar tanto diante dos benefícios
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL
Comerciantes da rua dos Pinheiros, na zona oeste de São
Paulo, admitem a tendência de
valorização dos imóveis por
conta das obras do Metrô, mas
temem a chegada de ambulantes e o aumento da violência.
São os chamados efeitos colaterais da proximidade de um
transporte que aumenta a acessibilidade e, com isso, também
a movimentação de pessoas.
Em bairros residenciais como Instituto Previdência, moradores já chegaram a protestar
e evitaram a implantação de
uma estação da futura linha 4
do Metrô -a Três Poderes-
por temer alguns transtornos.
Mas, segundo Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias), mesmo
com esses eventuais efeitos negativos, a tendência é sempre a
de valorização dos imóveis.
"Há uma clara relação entre
empreendimentos privados e
transporte público, especialmente numa cidade onde metrô é algo escasso. Ele coloca as
pessoas perto do trabalho", diz.
Para ele, a valorização e a expansão imobiliária no entorno
da linha 4 já eram esperadas,
mas não é possível saber ainda
em que proporção isso ocorre.
Ele lembra que parte da alta de
preços também deve ter influência de outros fatores, como a mudança de zoneamento.
Os efeitos colaterais, diz Bernardes, são limitados à área
mais próxima das estações e
não costumam pesar tanto
diante dos benefícios de ter um
bom transporte perto de casa.
A comerciante Elisabeth Dinola, 57, diz acreditar que a linha 4 do Metrô valorizará a região em Pinheiros onde sua família tem há 15 anos uma loja
de artigos de decoração.
Ela, porém, não vislumbra
aumento do número de clientes -porque a maioria vai de
carro- e teme por vandalismo.
"Aqui não é ambiente para camelôs. Na minha porta não fica.
Se eu sair daqui e minha família
for alugar a loja, com certeza
vamos aumentar o aluguel."
A farmacêutica Juliana Peçanha, responsável por uma farmácia de manipulação ao lado
da futura estação Fradique
Coutinho, afirma que, na mesma medida em que a rede de
metrô aumentará a movimentação, diminuirá a segurança.
"Com certeza vai ter camelô, e
isso nos preocupa", disse.
O cirurgião-dentista Marco
Antonio Soglio, 44, dono de um
sobrado na rua Fradique Coutinho, avalia que os imóveis serão valorizados quando a linha
estiver funcionando. Soglio colocou seu sobrado para alugar
há um mês e, apesar de a obra
do Metrô estar em frente ao
imóvel, a procura está grande.
Morador da rua dos Pinheiros há oito anos, o psicólogo José Augusto Tavares, 39, disse
que só vê vantagens com a chegada do Metrô ao bairro, inclusive com a valorização de seu
apartamento. "Alguns vizinhos
venderam seus apartamentos
por um valor 30% superior."
"Esse fenômeno [da valorização imobiliária] aconteceu nas
demais linhas, mas a intensidade depende da região da cidade.
Na linha 1 (Norte/Sul), foi muito forte. O resultado na linha 4
também nos surpreendeu",
afirma Luiz Cortez Ferreira,
arquiteto do Metrô.
(REGIANE SOARES E ALENCAR IZIDORO)
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