São Paulo, quarta-feira, 30 de agosto de 2006

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Metrô valoriza imóveis, mas vizinhos reclamam

Proprietários temem efeitos colaterais, como aumento da violência e camelôs

Para Secovi-SP, problemas são limitados à área mais próxima das estações e não costumam pesar tanto diante dos benefícios

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
DA REPORTAGEM LOCAL

Comerciantes da rua dos Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, admitem a tendência de valorização dos imóveis por conta das obras do Metrô, mas temem a chegada de ambulantes e o aumento da violência.
São os chamados efeitos colaterais da proximidade de um transporte que aumenta a acessibilidade e, com isso, também a movimentação de pessoas.
Em bairros residenciais como Instituto Previdência, moradores já chegaram a protestar e evitaram a implantação de uma estação da futura linha 4 do Metrô -a Três Poderes- por temer alguns transtornos.
Mas, segundo Cláudio Bernardes, vice-presidente do Secovi-SP (sindicato de construtoras e imobiliárias), mesmo com esses eventuais efeitos negativos, a tendência é sempre a de valorização dos imóveis.
"Há uma clara relação entre empreendimentos privados e transporte público, especialmente numa cidade onde metrô é algo escasso. Ele coloca as pessoas perto do trabalho", diz.
Para ele, a valorização e a expansão imobiliária no entorno da linha 4 já eram esperadas, mas não é possível saber ainda em que proporção isso ocorre. Ele lembra que parte da alta de preços também deve ter influência de outros fatores, como a mudança de zoneamento.
Os efeitos colaterais, diz Bernardes, são limitados à área mais próxima das estações e não costumam pesar tanto diante dos benefícios de ter um bom transporte perto de casa.
A comerciante Elisabeth Dinola, 57, diz acreditar que a linha 4 do Metrô valorizará a região em Pinheiros onde sua família tem há 15 anos uma loja de artigos de decoração.
Ela, porém, não vislumbra aumento do número de clientes -porque a maioria vai de carro- e teme por vandalismo. "Aqui não é ambiente para camelôs. Na minha porta não fica. Se eu sair daqui e minha família for alugar a loja, com certeza vamos aumentar o aluguel."
A farmacêutica Juliana Peçanha, responsável por uma farmácia de manipulação ao lado da futura estação Fradique Coutinho, afirma que, na mesma medida em que a rede de metrô aumentará a movimentação, diminuirá a segurança. "Com certeza vai ter camelô, e isso nos preocupa", disse.
O cirurgião-dentista Marco Antonio Soglio, 44, dono de um sobrado na rua Fradique Coutinho, avalia que os imóveis serão valorizados quando a linha estiver funcionando. Soglio colocou seu sobrado para alugar há um mês e, apesar de a obra do Metrô estar em frente ao imóvel, a procura está grande.
Morador da rua dos Pinheiros há oito anos, o psicólogo José Augusto Tavares, 39, disse que só vê vantagens com a chegada do Metrô ao bairro, inclusive com a valorização de seu apartamento. "Alguns vizinhos venderam seus apartamentos por um valor 30% superior."
"Esse fenômeno [da valorização imobiliária] aconteceu nas demais linhas, mas a intensidade depende da região da cidade. Na linha 1 (Norte/Sul), foi muito forte. O resultado na linha 4 também nos surpreendeu", afirma Luiz Cortez Ferreira, arquiteto do Metrô. (REGIANE SOARES E ALENCAR IZIDORO)


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