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Dona-de-casa desconfia, mas
compra de carrocinha em SP
Patrícia Bueno recorre ao leite clandestino quando não tem dinheiro
da Reportagem Local
Há dias em que a dona-de-casa
Patrícia Bueno não tem R$ 0,70
para comprar um litro de leite
pasteurizado. Separada e mãe de
duas crianças, vive na periferia
de São José dos Campos (SP).
Quando o dinheiro fica curto,
recorre à "carrocinha do seu
Renato". "Ele me entrega um
litro por R$ 0,80. É mais caro, só
que posso pagar fiado."
O produto chega cru, sem refrigeração, e Patrícia desconfia.
"Dá um pouco de receio. Dizem
que há perigo de doença."
Para "proteger os meninos",
ferve o leite duas vezes. "E ainda
jogo uma pitada de sal. Não sei se
faz diferença, mas me ensinaram
assim."
"Seu Renato" é apenas o atravessador. Embolsa R$ 0,35 de
cada litro que vende. O resto vai
para o dono das vacas, que também mora na cidade e prefere
não se identificar.
"Todo mundo me conhece.
Não preciso dar meu nome para
jornal nenhum."
Se o conhecem, então por que
a fiscalização não o impede de
vender o leite?
"Porque estamos no Brasil. E,
aqui, o pequeno produtor só sobrevive por baixo do pano. O
prefeito sabe disso, o governador e o presidente também. Quero ver quem vai ter coragem de
impedir um cristão de trabalhar."
(AA)
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