JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

O município de Cambé, no norte do Paraná, vai usar o leite envasado por um grupo de 30 produtores para a merenda escolar da cidade. Esse leite não é pasteurizado.
O grupo é formado por produtores da região que se reuniram e estabeleceram critérios para o empacotamento do leite feito pelos próprios produtores.
O programa exige que, para empacotar o leite, o produtor tenha uma mangueira coberta, piso de alvenaria na sala de ordenha e uma sala separada do curral onde o produto é resfriado e envasado.
Esse programa "apresenta alto risco à saúde da população", segundo a veterinária Neli Beloti, do setor de inspeção de leite na Universidade Estadual de Londrina.
A universidade aponta o caminho seguido por Cornélio Procópio, outro município do norte do Paraná, como o mais "adequado para acabar com o comércio clandestino de leite in natura".
Em Cornélio Procópio, a UEL, o governo do Paraná e a prefeitura fizeram campanha contra o consumo do leite cru a partir das escolas de primeiro e segundo graus do município. "A campanha foi inicialmente voltada para acabar com o mito de o leite cru ser melhor. Depois, foram mostrados os riscos à saúde", disse Beloti.
A segunda etapa do programa em Cornélio Procópio foi organizar os produtores clandestinos em uma associação para pasteurizar o leite a ser comercializado.
Pereira afirma que a pasteurização do leite em Cambé irá acontecer em uma segunda etapa, "quando o produtor tiver capitalização para isso".
Ele admite que a solução encontrada em Cambé "foge ao padrão da legislação vigente", mas o consumidor é orientado a ferver o leite antes do consumo.
Segundo Pereira, os riscos de contaminação ou intoxicação pelo consumo do leite in natura estão sendo evitados quando a associação dá ênfase à saúde dos animais e à higiene no manuseio do leite.
A veterinária Beloti afirma que a medida não é suficiente.



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