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Fama de leite "forte'
atrai em Minas Gerais
RANIER BRAGON
em São José da Lapa (MG)
"O leite é mais gordo" ou "ele
tem sabor e cheiro diferentes do
industrializado, que é um leite fraco" ou ainda "é muito mais gostoso".
Essas são algumas das justificativas dadas por consumidores do
"leite de curral", o leite produzido informalmente, na cidade de
São José da Lapa (30 km de Belo
Horizonte).
Maria de Almeida Souza, 69, insiste no consumo de leite in natura. Ela diz que ferve o leite cru que
consome, principalmente depois
que um sobrinho seu morreu de
febre aftosa, causada por ingestão
de leite contaminado: "Fervo até
os de caixinha".
O maior produtor de leite informal de São José da Lapa entrega o
leite de porta em porta, todas as
manhãs.
Marcos Antônio Costa, 33, herdou a fazenda do pai e diz vender
até 120 litros de leite por dia nos
períodos de mais movimento. Sua
propriedade nunca recebeu a visita de um fiscal.
Dos 6 bilhões de litros de leite
produzidos anualmente no Estado
de Minas Gerais, estima-se que
cerca de 2,4 bilhões são vendidos
sem fiscalização.
O Estado possui 137 cooperativas
que industrializam o leite e é o
maior produtor do país, respondendo por 30% da produção.
O presidente da Itambé -maior
central de cooperativas do Estado,
com produção anual de 800 milhões de litros de leite-, José Pereira Campos Filho, diz que a fiscalização praticamente não existe.
Ele afirma que sua empresa sai
prejudicada, pois tem que pagar
cerca de 30% de impostos sobre a
produção, enquanto o produtor
"informal" não paga nenhum
imposto pela produção e comercialização de seu produto.
O superintendente de Produção
Animal do Instituto Mineiro de
Agropecuária, órgão subordinado
à Secretaria da Agricultura, Altino
Rodrigues Neto, diz que não tem
autonomia para fiscalizar o pequeno produtor do interior que vende
sua produção exclusivamente no
município.
As prefeituras seriam responsáveis pela fiscalização.
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