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EDUCAÇÃO
Exame Nacional do Ensino Médio vai enfatizar habilidades adquiridas na escola em vez de acúmulo de informações
MEC testa hoje o vestibular do século 21
FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local
O MEC (Ministério da Educação) realiza hoje à tarde a primeira
edição de uma avaliação que, se
cumprir o que promete, deverá se
tornar a principal alternativa do
país no século 21 ao já tradicional
vestibular.
O Exame Nacional do Ensino
Médio, ou simplesmente Enem,
segue a tendência internacional de
se avaliar não mais as informações
que uma pessoa conseguiu acumular na escola, mas as habilidades e competências que adquiriu.
A prova, que terá a duração de
quatro horas, será composta de 63
questões objetivas (múltipla escolha) e uma dissertação.
"Não tem perguntas do tipo "O
que é?' ou "Qual é?', é tudo proposição de problemas", afirma a
coordenadora geral do Enem, Maria Inês Fini. "Não tem divisão
por disciplina", acrescenta.
O ideal de prova que Fini imagina é indicativo do que os 157 mil
estudantes inscritos para o Enem
deverão encontrar a partir das 13h:
"Espero evoluir para uma prova
com tema único, por exemplo, em
torno da água".
"É um tema que amarra poesia,
literatura, biologia, física, química, matemática. São exatamente
esses temas que "transversam' toda a nossa vida. Porque a natureza
se faz dessa forma transversal",
afirma.
Sinalização
O exame de hoje é um marco para várias áreas da educação brasileira. As escolas de ensino médio
(até 1996 chamado pela lei de 2º
grau) e mesmo de ensino fundamental (antigo 1º grau) afirmam
que o Enem será uma sinalização
daquilo que o MEC espera que elas
ensinem.
A Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro já reservou
20% de suas vagas de 1999 para
candidatos bem colocados no exame. Outras universidades querem
ver a prova para decidir se seguem
o mesmo caminho.
Os conselhos estaduais e municipais de Educação esperam o
Enem para começar a regulamentar as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, editadas este ano pelo Conselho Nacional de Educação.
Tudo isso é decorrência da nova
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, a LDB, aprovada pelo Congresso em dezembro de
1996. A LDB anterior era de 1961.
Foi essa nova lei que acabou com
a determinação de que as faculdades e universidades só poderiam
selecionar candidatos por meio de
uma prova de vestibular.
Muitas instituições de ensino superior já começam a testar formas
alternativas de seleção -a experiência da Universidade de Brasília
é modelar (leia ao lado). No setor
privado, onde a oferta de vagas
anda bem superior à demanda, há
faculdades que já não fazem mais
nenhum tipo de avaliação.
Mau começo
Apesar da responsabilidade que
recai sobre o Enem -que, além de
tornar concretas as novas exigências do MEC, é a primeira avaliação nacional desse gênero no
país-, o exame teve um começo
falho.
A divulgação quase não ocorreu
-o Colégio Nossa Senhora das
Graças, de São Paulo, por exemplo, recebeu os cartazes após o encerramento das inscrições.
Muitas agências do Banco do
Brasil, onde deveriam ser feitas as
inscrições, nem sequer ficaram sabendo do que se tratava.
O resultado é que, nessa primeira edição, apenas 10% do público
estudantil potencial fará a prova
(o país tem cerca de 1,5 milhão de
alunos na 3ª série do ensino médio). Isso sem contar que o exame
também se dirige a trabalhadores
que querem demonstrar seu nível
de conhecimento na hora de disputar um emprego.
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