|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CRIME ORGANIZADO
Deputado federal apresenta hoje plano de trabalho para investigar existência e ação de grupos de extermínio
Relator da CPI está sob ameaça de morte na Paraíba
EDUARDO DE OLIVEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
O deputado federal Luiz Couto
(PT-PB), que anda escoltado por
agentes da Polícia Federal em razão de ameaças de morte que recebeu na Paraíba, apresenta hoje
em Brasília o plano de trabalho
que dará início à atuação de uma
CPI formada para investigar a
existência e a ação de milícias armadas e de grupos de extermínio
em crimes caracterizados como
de pistolagem.
Relator da CPI, o deputado afirmou que há uma lista de marcados para morrer por pistoleiros
que agem em uma região da divisa da Paraíba com Pernambuco.
Além do seu nome, há o de outros
políticos -como o deputado estadual Frei Anastácio (PT) e o vereador Manoel Mattos (PT)- e o
da promotora Rosemary Souto
Maior, entre outras pessoas.
Couto disse que cada bala que
eventualmente seja usada para
matá-los valerá para o matador
"R$ 3.000 no mercado do crime".
No sábado, o agricultor Flávio
Manoel da Silva, testemunha numa CPI da Assembléia Legislativa
da Paraíba que apurou a ação de
matadores de aluguel, foi morto a
tiros perto da sua casa por duas
pessoas encapuzadas, em Pedras
de Fogo (PA). A hipótese é queima de arquivo. Silva havia prestado depoimento a Asma Jahangir,
relatora de execuções sumárias da
Organização das Nações Unidas.
Silva já havia sobrevivido a outro atentado. Isso levou o vereador Mattos a pedir, em maio, a inclusão de Silva no programa federal de proteção a testemunhas.
A petição tramitou na Secretaria
Especial de Direitos Humanos da
Presidência, mas não chegou a ser
efetivada. Segundo a assessoria da
secretaria, isso em razão de parecer do Ministério Público Federal
que não reconhecia a necessidade
de inclusão. O deputado Couto
disse que vai pedir a participação
do Ministério Público Federal nas
investigações do crime. E também
que seja garantida proteção especial a outros informantes.
Em ao menos 14 Estados há indícios da existência desses grupos
de matadores, segundo o secretário nacional de Direitos Humanos, Nilmário Miranda.
Segundo Couto, os assassinos
contam com a participação do
que chamou de "forças de segurança" -"policiais que usam
suas armas, informações e distintivos para matar"- e têm o
apoio, conivência e patrocínio de
autoridades -"políticos, integrantes do Judiciário e do Ministério Público, além de empresários e comerciantes".
Colaborou TIAGO ORNAGHI, da Agência Folha
Texto Anterior: "Ele disse que não queria morrer" Próximo Texto: Mortes Índice
|