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São Paulo, terça-feira, 30 de setembro de 2003

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VILA CARIOCA

Mil pessoas serão procuradas por assistentes sociais; denúncia de contaminação ocorreu há cerca de um ano e meio

Prefeitura examinará vizinhos da Shell

DA REPORTAGEM LOCAL

Quase um ano e meio depois de a contaminação de uma área da Vila Carioca pela Shell ter vindo a público, a Prefeitura de São Paulo inicia uma investigação para saber se as substâncias tóxicas que poluíram o solo e as águas subterrâneas de parte do bairro, na zona sul da capital, afetaram a saúde das pessoas que lá vivem.
A aplicação de um protocolo elaborado por um grupo de toxicologistas -que envolve entrevistas, consultas clínicas, exames laboratoriais gerais e, se necessário, teste específicos para determinados tipos de contaminantes- começa na próxima semana.
O processo de acompanhamento dos moradores da região, porém, não tem prazo para acabar, afirma Rosana Panachão, gerente da Vigilância em Saúde Ambiental da Secretaria da Saúde do município. Isso porque os eventuais efeitos de uma contaminação podem demorar anos para aparecer.
Inicialmente, a prefeitura vai entrar em contato com mil moradoras da área. Elas serão procuradas por assistentes sociais e, se concordarem em entrar no programa, serão encaminhadas para consultas na Unidade Básica de Saúde da área.
O número de atendimentos prioritários foi resultado da análise de questionários de saúde aplicados no bairro no ano passado pelo Centro de Vigilância Sanitária da Secretaria de Estado da Saúde e encaminhados à prefeitura.
Segundo Panachão, à medida que as informações forem chegando à Secretaria da Saúde, formarão um banco de dados por meio do qual será possível averiguar se há ligação entre doenças que afetam os moradores e os poluentes encontrados no bairro.
Todas as despesas da operação ficarão a cargo da prefeitura.
Desde meados de 2002, os órgãos ambientais e de saúde do município e do Estado e o Ministério Público tentam, sem sucesso, assinar um Termo de Ajustamento de Conduta com a Shell, para que ela possa assumir responsabilidades como os custos de acompanhamento de saúde e eventual tratamento dos moradores. Há uma dificuldade das partes em concordar a respeito das exigências do acordo. Enquanto isso, a empresa tem se limitado a cumprir as exigências de remediação ambiental do dano.
A base de combustíveis da Shell na Vila Carioca é o cenário da maior contaminação registrada até hoje na cidade de São Paulo.
O local (cerca de 180 mil m2) apresenta o subsolo e as águas subterrâneas poluídos por pesticidas e hidrocarbonetos tóxicos.


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